Correio Braziliense, n. 21877, 08/02/2023. Brasil, p. 6

Ibama já dá combate aos exploradores ilegais



Agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vêm realizando, desde segunda-feira, ações para desmontar os garimpos ilegais nas terras dos ianomâmis. Duas foram feitas nas comunidades Homoxi e Palimiú, locais de intensa exploração ilegal de minerais. As duas regiões foram escolhidas por causa da existência de pistas de pouso para o contrabando de ouro e para o apoio logístico aos exploradores.

A operação do Ibama antecipa a que vem sendo montada pelo governo federal, sob coordenação dos ministérios da Defesa e da Justiça e Segurança Pública. A ofensiva conjunta de Forças Armadas e Polícia Federal (PF) está prevista para ser desfechada a partir de sexta-feira. Hoje, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, desembarca em Roraima para acompanhar os preparativos.

O Ibama segue as determinações da portaria publicada em 2 de fevereiro, que instituiu a Sala de Situação e Controle da Terra Indígena Yanomami, na Superintendência do Ibama de Boa Vista, capital de Roraima. Para as operações, o instituto utiliza estrutura própria, inclusive com o apoio de pequenas aeronaves, já que a incursão na área é feita habitualmente por via aérea.

As regiões visitadas pelos agentes ambientais foram citadas no relatório Yanomami sob ataque, divulgado pela Hutukara Associação Yanomami, em abril do ano passado. Os representantes da nação indígena há tempos denunciam que, em quatro anos, tiveram o dobro de suas áreas devastadas pelo garimpo ilegal.

Entre 2020 até o fim de 2021, houve um salto na destruição praticada pelos garimpeiros, segundo a Hutukara, de mais de 3,2 mil hectares. O Ibama tem o poder de polícia administrativa, já que pode aplicar multas e destruir equipamentos para quer não sejam reaproveitados pelos invasores na atividade exploratória.

Ilegalidade dispara

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, as áreas de garimpo superaram as de mineração industrial no Brasil — são 196 milhares de hectares, à frente dos 170 milhares da lavra legal e registrada em 2021.

Dados mais recentes, coletados junto ao MapBiomas e apresentados em um relatório do Ibram, divulgado ontem, mostram que em 2019 as áreas legais e ilegais já se igualavam. Ainda de acordo com o mesmo levantamento, o garimpo também ocupou área superior à da mineração entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 2000. (TA com Agência Estado)