Título: ''Eu sou clientelista de carteirinha''
Autor: Daniela Dariano
Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2004, País, p. A-3

Proprietário de nove centros sociais, o deputado estadual Albano Reis (PMDB-RJ), conhecido como o ''Papai Noel de Quintino'', admite com orgulho as atividades extra-parlamentares.

- Tenho nove. Sou pioneiro - alardeia.

Há 17 anos, ele fundou os centros de reabilitação infantil Albano Reis, que foram se espalhando pela cidade. A sede de Botafogo funciona de segunda a sexta, de manhã e de tarde, oferecendo gratuitamente tratamento fisioterápico para crianças e adultos. Também são propostos cursos de graça. No terceiro mandato como deputado estadual, ele não só reconhece as atividades como aconselha quem queira entrar na vida política a criar centros de atendimento social. No perfil do parlamentar no site da Alerj, define seu hobby como ''enxugar lágrimas e receber sorrisos''.

Se ''abrir portas'' à população carente é ser clientelista, diz:

- Então, eu sou clientelista assumido, de carteirinha na mão e tudo. Sabe o que é uma pessoa ter um filho deficiente e não ter uma porta onde bater? É horrível. Sei o que é um ser humano sem plano de saúde. Se você pode abrir uma porta, como vai fechar? - justifica o deputado, atribuindo as críticas à sua atividade a ''pessoas fracassadas ou que foram criadas com danoninho''.

Albano Reis garante que nunca usou seus centros sociais para pedir voto. Até porque não precisa.

- Não há necessidade. A gratidão do ser humano é muito boa. Não faço campanha dentro da minha entidade. Só o que me procura de gente, é muita gente - conta.

Por isso, o parlamentar aconselha quem o procura para se informar sobre política: ''Quer ganhar voto? Abra um centro social''.

- Muitos procuraram e eu orientei. Eleitoralmente, dá muito voto. Eu incentivo, dá muito voto - admite o peemedebista, sem medo de ser julgado.

Albano Reis acredita que toda ajuda é bem-vinda para quem precisa.

- Quantas pessoas estão trabalhando hoje porque fizeram curso comigo? Quem critica é porque teve oportunidade e não fez nada para ajudar ninguém - revida o parlamentar, contando que o trabalho social que realiza tem a ajuda de toda a sua família, que se dedica ''24 horas por dia''.

O deputado assegura que o trabalho - considerado por ele filantropia - é todo custeado com seu dinheiro e mantido também com a colaboração de funcionários voluntários. Mesmo assim, diz não ser contrário ao uso de verba pública para financiar esse tipo de atendimento à população:

- O nosso trabalho é filantropia, é de dentro para fora. Outros fazem com intuito político, mas eu bato palma para eles. Se o cara receber (dinheiro do SUS, por exemplo) e der resultado, é válido. Não sou contra. (D.D.)