Título: Ato por CPIs vira protesto contra o governo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/12/2005, País, p. A4
Entidades e parlamentares atacam Lula e pedem punição para envolvidos
BRASÍLIA - O jurista Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou ontem que qualquer petição por um processo de ''impeachment'' contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve esperar o fim dos trabalhos das CPIs.
-Temos que esperar (o fim das CPIs) para ter uma visão de conjunto, porque os fatos são muito complexos - disse ele, após participar do ato pelo apoio às investigações e punições dos envolvidos nas CPIs dos Correios e dos Bingos, promovido pelo Grupo Pró-Congresso e pelo movimento da Indignação à Ação.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) criou comissão para averiguar a possibilidade de pedido de impeachment e entrou em contatos com os presidentes das CPIs. Segundo a assessoria da Ordem, a proposta para apresentar petição nesse sentido somente deve ser feita analisada em fevereiro.
Reale Jr. ressaltou que o objetivo do ato público não era fazer manifestação pelo impedimento.
- Nós não temos o objetivo de fazer com ele (Lula) sente no banco dos réus - disse ele, que ressaltou:
- O impeachment tem que ser um imperativo ético, determinado pelos fatos.
Fernando Gabeira (PV-RJ), que também participou do ato, afirmou que não existem condições dentro da população para o impeachment.
- Do ponto de vista técnico, há. A dificuldade é que a população não está convencida disso. Se você só com a perspectiva técnica, sem levar em conta essa situação psicológica da população, você pode dar ao presidente e ao seu partido o papel de vítima. É o papel ideal para quem, de certa maneira, está acossado - afirmou.
Reale Jr. fez críticas ao presidente e ao PT. Ao se referir às declarações de membros da cúpula do partido, ele disse que ''a insensibilidade ética desse partido, partido em que eu votei, é que nos revolta, nos torna indignados''.
Sobre Lula, o jurista questionou a posição de que não sabia das denúncias de corrupção.
-Não é possível que o presidente não soubesse do que ocorria. Ele foi alertado por deputados, por governadores. Será que o presidente da República é um parlapatão inocente (que não sabia do que acontecia ) ? -questionou o jurista.