O Globo, n. 32478, 09/07/2022. Política, p. 10

Moro caminha para candidatura ao Senado pelo Paraná

Guilherme Caetano


Ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro, Sergio Moro (União-PR) deve disputar o Senado. O anúncio confirmando o cargo será feito na próxima semana. Moro tem mantido uma agenda pelo Paraná digna de pré-candidato a senador, cargo majoritário para o qual uma boa votação em todo o estado é primordial, ao contrário de disputas para a Câmara dos Deputados, que se focam em redutos. Na última quinta-feira, Moro esteve em Cascavel. Ontem, em Foz do Iguaçu. Semana que vem o ex-juiz deve viajar a Pato Branco.

A coalizão da qual o União Brasil faz parte no Paraná, no entanto, pode colocar obstáculos à candidatura de Moro. A sigla, que apoia a reeleição do governador Ratinho Júnior (PSD), tem bolsonaristas no comando do diretório estadual, presidido pelo deputado federal Felipe Francischini. Felipe é apoiador de Bolsonaro e filho do deputado estadual Fernando Francischini (União), cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral por divulgar notícias falsas nas eleições de 2018. Felipe vinha articulando apoio a Ratinho Júnior, aliado do presidente. O problema para Moro é que a vaga ao Senado na chapa de Ratinho Júnior é disputada por outras lideranças.

O Podemos negocia apoio do governador à candidatura do senador Álvaro Dias, um dos responsáveis pela entrada de Moro na política. Já o PL de Bolsonaro quer a vaga para o deputado federal Paulo Eduardo Martins, como uma contrapartida ao apoio formal do presidente. Aliados de Moro lembram que uma saída pode se dar por meio de decisão recente da Justiça.

O TSE decidiu que partidos de uma mesma coligação podem lançar mais de um candidato ao Senado. É o caso da aliança PT-PSB no Rio, que lançou como pré-candidatos a senador o deputado Alessandro Molon (PSB) e o presidente da Alerj, André Cecilliano (PT). Há casos parecidos em Minas Gerais, Goiás, Pará, Roraima e Mato Grosso.

O histórico pesa contra Moro. Após anunciar pré-candidatura à Presidência pelo Podemos, ele trocou de partido e ambições. Ao se filiar ao União, viu uma ala contrária à sua chegada fechar-lhe as portas ao projeto presidencial. Ele cogitou se lançar à Câmara e ao Senado por São Paulo, até ter a transferência de seu domicílio eleitoral negada pela Justiça.