Título: FT diz que país não resolve problemas
Autor: Virgínia Silveira e Franci Monteles
Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2004, Economia & Negócios, p. A-17

Embora com polpudos recursos, que não podem ser desperdiçados pela América Latina, países como Brasil, Chile, Argentina e Cuba não devem ver a China como ''panacéia'', ou seja, solução para todos os problemas. Segundo o periódico britânico Financial Times, o capital chinês pode ajudar, mas não resolve os conflitos dos países da região.

Para o jornal, a região deve ficar atenta com o baixo crescimento da China esperado para o ano que vem, o que poderá baixar os preços dos principais produtos de exportação latino-americana, deixando suas economias - que dependem destas commodities - mais vulneráveis no mercado internacional. A produção de minério de ferro no Brasil, tão boa quanto a de soja na Argentina e a de cobre no Chile, está preparada para uma grande demanda do comércio mundial, ressaltou o FT.

No momento em que o presidente da China, Hu Jintao, está em missão comercial na América Latina, o FT apontou que países como Brasil, Argentina, Chile e Cuba são os primeiros da região em que a China inicia um processo de integração. A visita a estas nações, de acordo com o diário, mostra o interesse do crescimento sustentável chinês.

Como o apetite da China por matérias-primas está elevando os preços de várias mercadorias no mercado internacional, os fazendeiros da América Latina e companhias de mineração estão levando vantagem. A região produz mais de 40% das commodities mundiais como cobre e grãos de soja.

Embora os investimentos em infra-estrutura sejam bem-vindos, os governos da América Latina devem tomar o cuidado de que os investimentos diretos da China na região sejam feitos em setores que não tenham ligação com toda a economia, como aconteceu no passado.

O FT recomenda que a América Latina mantenha disciplina fiscal para manter sua estabilidade. Se isso for suficiente para criar empregos e reduzir os problemas sociais, ainda será preciso atrair empresas e tecnologias de outros países.