Título: PFL e PSDB: aliança em risco
Autor: Daniel Pereira, Luiz Orlando Carneiro e Sérgio Par
Fonte: Jornal do Brasil, 11/12/2005, País, p. A4

O PFL é contra a manutenção da regra da verticalização. Sem candidatura forte ao Palácio do Planalto, o partido priorizará no ano que vem as eleições estaduais. A liberdade para fechar alianças é considerada fundamental para o sucesso nas urnas. O líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), diz que o partido até cogita não apoiar o candidato tucano ao Planalto caso a verticalização seja mantida. Os dois principais defensores da manutenção da regra são o PSDB e o PT. Os tucanos enxergam na verticalização a possibilidade de uma aliança com o PFL em pelo menos 15 estados, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraná.

- O PSDB tem candidato forte e atrai aliança - resume um tucano ligado a José Serra.

O pensamento do PT é pragmático. Atolado pelas denúncias do mensalão, os petistas temem a rejeição dos partidos de centro-esquerda na campanha eleitoral. Em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, principais colégios eleitorais do país, se o PT não conseguir o apoio de PSB e PMDB, por exemplo, o que é mais provável, forçaria os partidos a irem sozinhos para a disputa no ano que vem. Em contrapartida, em boa parte dos estados, o palanque do PT estaria assegurado.

Em fevereiro de 2002, o TSE decidiu que os partidos teriam de respeitar nos estados as alianças fechadas em nível nacional ao analisar consulta apresentada pelo deputado Miro Teixeira (PDT). Na ocasião, os ministros interpretaram o artigo 6º da Lei Eleitoral (9504/97), que diz ser ''facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional ou para ambas''. A decisão teria mudado a regra do jogo às vésperas das eleições, segundo partidos políticos então na oposição.

O então líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse na ocasião que a interpretação do TSE beneficiava o candidato do PSDB à Presidência da República nas eleições daquele ano, José Serra. Já Luiz Inácio Lula da Silva, ainda como postulante do PT ao Palácio do Planalto, declarou que, mantida a verticalização, imperaria a ''hipocrisia, com alianças brancas e candidatos laranjas''. Em resposta, o PT ajuizou ação de inconstitucionalidade no STF a fim de derrubar a regra. Em 2002, os ministros, por 7 votos a 4, rechaçaram a ação.