Valor Econômico, v. 20, n. 4980, 14/04/2020. Finanças, p. C4
Crédito para folha já tem adesão de 20% no Bradesco
Talita Moreira
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., afirmou que a crise decorrente da pandemia de vírus poderá impor aos bancos um recorde de inadimplência, superando o pico observado nas crises de 2008 e 2011. “Espero que não se confirme, mas a gente tem de trabalhar com os cenários mais difíceis que tem pela frente”, disse em teleconferência com analistas e jornalistas.
Lazari afirmou que o banco está bem provisionado, mas provavelmente fará um aumento em suas reservas adicionais, aquelas que as instituições financeiras utilizam como colchão extra contra a inadimplência. “É um cenário que não estava desenhado. Vamos nos debruçar sobre o balanço para entender o que acontecerá com a inadimplência”, disse.
O vice-presidente de varejo, Eurico Fabri, afirmou que algum impacto em despesas com novas provisões contra calotes pode ocorrer ainda no ano que vem. “Estamos concentrados em entender os impactos neste ano, mas a expectativa é que alguma coisa afete sim 2021”, disse. Lazari afirmou que o Bradesco havia recebido até ontem 1,2 milhão de pedidos de clientes para postergar os pagamentos das parcelas de crédito por 60 dias. Ele disse também que 20% das 54 mil pequenas empresas com crédito pré-aprovado pelo banco para tomar o empréstimo para financiamento da folha de pagamento aderiram à linha, lançada há uma semana.
O vice-presidente Cassiano Scarpelli, responsável pela tesouraria, afirmou que o Bradesco estuda fazer uma emissão de letras financeiras garantidas, instrumento de captação recentemente criado pelo Banco Central.