Correio Braziliense, n. 21884, 15/02/2023. Política, p. 2
PF prende mais seis radicais
Luana Patriolino
Taísa Medeiros
Na sexta fase da Operação Lesa-Pátria, a Polícia Federal prendeu, ontem, seis bolsonaristas envolvidos nos atos terroristas de 8 de janeiro, que resultaram na depredação dos prédios dos Três Poderes. Ao todo, foram expedidos oito mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, em Goiás, Minas Gerais, Paraná, Sergipe e São Paulo. A força-tarefa foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Até a última atualização de ontem, seis dos oito mandados de prisão já tinham sido cumpridos. Outros dois dos alvos, ambos de Minas Gerais, não foram encontrados pela polícia. A operação mirou nos vândalos que invadiram e quebraram os prédios do Congresso, do Palácio do Planalto e da Suprema Corte. Nas etapas anteriores, os agentes focaram na busca pelos supostos financiadores e policiais militares suspeitos de colaborar com os ataques.
Os envolvidos na participação e financiamento são investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
A PF informou que, até a semana passada, quando foi realizada a quinta fase da operação, foram cumpridos 17 mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 37 de busca e apreensão. A União calcula, até o momento, um prejuízo de R$ 20,7 milhões nos edifícios. No dia do vandalismo, os extremistas quebraram vidros, portas, janelas, computadores, impressoras, arrancaram cadeiras, destruíram obras de arte, molharam carpetes e até mesmo roubaram togas dos ministros do Supremo, além de objetos do Estado.
Novas denúncias
O Ministério Público Federal (MPF) levou, ontem, ao STF, denúncias contra mais 139 pessoas por participação nos atos terroristas. Desse total, 137 foram presos em flagrante dentro do Palácio do Planalto, além de outras duas pessoas detidas na Praça dos Três Poderes portando facas e artefatos explosivos.
Na manifestação assinada pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, do MPF, ele cita os crimes de: associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Segundo o MPF, até agora, foram denunciadas 835 pessoas, sendo 645 incitadores, 189 executores (responsáveis pelos atos de invasão, vandalismo e depredação) e um agente público por omissão.
Nas peças à Suprema Corte, o órgão diz que cada denunciado “participou ativamente e concorreu com os demais agentes para a destruição dos móveis que ali se encontravam”. “Todos gritavam palavras de ordem demonstrativas da intenção de deposição do governo legitimamente constituído”, acrescentou.
José Múcio
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que estão em curso as apurações internas sobre os atos terroristas. Segundo ele, há três processos que investigam integrantes das Forças Armadas por participação nos ataques terroristas. As declarações foram dadas, ontem, no Tribunal de Contas da União (TCU), onde ele recebeu o Grande Colar do Mérito, mais alta honraria da Corte.
“As investigações estão caminhando, as Forças Armadas têm todo o interesse em resolver, total e absoluto. Seja civil, seja militar, quem for culpado vai ter que pagar”, enfatizou. “Existem três processos que estão no âmbito das Forças Armadas, que estão tendo segmento, e nós estamos aguardando outro, de alguns policiais que estivessem à paisana, ou que, por acaso, estivessem danificando o patrimônio público. Interessa às Forças Armadas que tudo seja extremamente esclarecido.”
José Múcio afirmou que parlamentares da oposição o procuraram para tratar, principalmente, de pessoas presas na operação que puniu os responsáveis pelo vandalismo. “Fora o prazer de recebê-los, não tem absolutamente nada com a Defesa. Isso é no Ministério da Justiça, na Polícia Federal, foi o que eu falei para eles”, destacou.