Título: PFL insiste em convocar Palocci
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 13/12/2005, País, p. A2

O PFL quer unir os partidos de oposição para tentar aprovar hoje no Senado a convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para prestar depoimento à CPI dos Bingos. Ontem, o líder do partido na Casa, José Agripino (RN), conseguiu o apoio do PDT, para garantir a aprovação. Os petistas, que tentam evitar a convocação desde que o nome do ministro foi envolvido nas investigações, fez através do seu presidente, Ricardo Berzoini, um recuo nas críticas da convenção do último sábado quanto a condução da economia.

Caso se confirme o apoio dos pedetistas, o voto decisivo para a convocação de Palocci caberá ao presidente da comissão, o senador pefelista Efraim Moraes (PB). No mês passado, foi possível negociar um convite para que o ministro depusesse, uma forma mais amena de levá-lo ao Congresso. No entanto, Palocci não atendeu e enviaria hoje uma justificativa.

Mesmo que a convocação seja aprovada, a data do depoimento só será marcada depois da definição se haverá ou não prorrogação dos trabalhos. Palocci terá de explicar as denúncias de que haveria um esquema de desvio de recursos de empresas para o PT durante seu mandato de prefeito de Ribeirão Preto.

Em Brasília, ao tentar amenizar as críticas à política econômica adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Berzoini fez questão de ressaltar que a crítica aos juros altos não era um ataque ao ministro da Fazenda.

Berzoini ressaltou o mérito de Palocci em devolver o equilíbrio à economia. Mas acrescentou que não há mais motivo para manter a taxa de juros real (juro nominal do Banco Central menos a inflação) em 13% ao ano. Para ele, o risco-país (risco de o país não pagar a dívida externa) está em queda e o crescimento da economia pode ser retomado.

- O PT é um partido que tem opiniões e as manifesta. A última nota não se diferencia das demais. Mas nessa a opinião do partido foi explicitada - justificou, acrescentando que a sigla é sempre criticada quando concorda ou não com a política de governo.

A resolução teria gerado mal-estar entre a cúpula do PT e o presidente Lula. O texto, porém, teria sido elaborado por Válter Pomar, candidato derrotado à presidência da sigla. Berzoini disse que o texto servirá de diretriz para o programa de governo a ser apresentado para a campanha de reeleição.