Valor Econômico, v. 20,
n. 4981, 15/04/2020. Brasil, p. A5
ANP reduz em mais R$ 3,7
bi previsão de arrecadação com royalties de petróleo
André Ramalho
Com o agravamento do choque de preços do petróleo nas últimas semanas, a
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) voltou a
cortar, dessa vez em R$ 3,7 bilhões, as projeções de arrecadação de royalties e
participações especiais no Brasil em 2020. A nova previsão do
órgão regulador para as receitas petrolíferas de Estados, municípios e
União para o ano agora é de R$ 40,2 bilhões.
O montante representa
uma queda de 8,4% em relação à previsão anterior, de março, que era de R$ 43,9
bilhões, após a desvalorização abrupta da commodity. O valor representa uma
queda de 33% em relação aos R$ 60 bilhões estimados antes da crise do petróleo.
Se confirmadas as projeções mais atuais, a queda da arrecadação de royalties e
participações especiais sobre a produção de óleo e gás, em 2020, será de 28%,
em valores nominais, na comparação com as receitas petrolíferas do ano passado.
A queda de expectativas
é resultado do cenário de preços mais baixos para o petróleo no mercado
internacional. Desde a revisão anterior, há cerca de três semanas, a cotação do
barril do tipo Brent chegou a tocar os US$ 25 no início deste mês. Mesmo após o
acordo da semana passada entre as principais potências petrolíferas para cortar
a produção mundial, a commodity segue num patamar baixo, cotada ontem a
US$ 29,6 o barril.
Os cálculos mais
recentes da agência levam em consideração o petróleo a US$ 33 o barril, ante a
referência anterior de US$ 43 e a previsão original de US$ 60. Já o dólar foi
revisado de uma média de R$ 4,44 para R$ 4,71.
A previsão é que o
Estado do Rio de Janeiro, maior arrecadador do país, fique com R$ 10,96 bilhões
em royalties e PE em 2020 - uma queda de 9% em relação à estimativa anterior. O
município com maiores receitas petrolíferas continuará sendo Maricá, na região
metropolitana do Rio, com uma arrecadação prevista de R$ 1,4 bilhão.
A ANP reduziu as
projeções de arrecadação também para os próximos anos. A previsão, agora, é
que, entre 2020 e 2023, municípios, Estados e a União, recolham, ao todo, R$
169,1 bilhões - um montante 12,8% menor que a projeção anterior e 27% abaixo da
previsão original.
O órgão regulador
considera, atualmente, o preço do Brent a US$ 33 para 2020 e a US$ 45 para os
próximos anos, na média. Na projeção inicial, o petróleo era estimado em US$
60, mas no mês passado a agência já havia cortado a previsão do barril para US$
55. A ANP também elevou as referências de câmbio, na sua conta. O dólar mais
alto, porém, não será suficiente para compensar os efeitos da queda de
preço da commodity.