Valor Econômico, v. 20, n. 4981, 15/04/2020. Brasil, p. A3

Reformas voltam após quarentena, diz Sachsida

Lu Aiko Otta


Passado o choque da pandemia da covid-19, a agenda de reformas será retomada, disse ontem o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, em live da XP Investimentos. Ele comentou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, que contém mecanismos para cortar despesas, deverá ser aprofundada.

Além disso, a PEC do Pacto Federativo, que dá base a um ajuste estrutural das contas de União, Estados e municípios e redistribui recursos, também ganhará prioridade.

O secretário deixou claro também que o funcionalismo terá de dar sua cota de sacrifício pelo ajuste, por uma “questão moral”. As famílias que vivem na economia informal experimentam queda de 70% a 80% de sua renda, informou. O desemprego avança. Nesse quadro, avaliou, não parece justo que algumas pessoas tenham sua renda totalmente preservada.

Sachsida comentou que em algumas carreiras do funcionalismo o salário inicial supera R$ 15 mil e parece razoável que essas pessoas fiquem um ou dois anos sem reajuste, em um quadro de inflação baixa. É a retomada da discussão sobre três grandes grupos de despesa do Brasil: Previdência, juros e funcionalismo.

A soma de medidas adotadas pelo governo nos campos fiscal e monetário chega perto de R$ 1 trilhão, informou. Desse total, disse ele, perto de R$ 28 bilhões têm impacto primário. Ele não detalhou o cálculo, que está sendo refinado pela área técnica.

No campo fiscal, disse ele, a expansão de gastos tem duas balizas: as despesas ficarão restritas ao ano de 2021 e o teto de gastos está mantido. Ambas demarcam o caráter transitório das medidas.