Valor Econômico, v. 20, n. 4982, 16/04/2020. Brasil, p. A2

País tem 2º dia de mais de 200 mortes pela doenç
a
Rafael Bitencourt
Fabio Murakawa



Pelo segundo dia consecutivo, o Brasil registrou 204 novas mortes relacionadas ao novo coronavírus, informou o Ministério da Saúde. Ontem, os óbitos de pacientes infectados pelo vírus subiram de 1.532 para 1.736, uma alta de 13%.

Os casos confirmados da covid-19 continuam aumentando em todo o país, passaram de 25.252 para 28.320, em 24 horas. Houve acréscimo de 3.058 casos (12%).

O Estado de São Paulo continua no topo da lista de casos confirmados, totalizando 11.043 pacientes infectados -1.672 novos casos apenas ontem. A lista de locais com mais confirmações inclui Rio (3.743), Ceará (2.157), Amazonas (1.554) e Pernambuco (1.484).

Tocantins, que até então não havia registrado morte, contabilizou a primeira vítima da doença. O maior número de óbitos é de São Paulo, com 778. Na sequência estão Rio de Janeiro (265 mortes), Pernambuco (143), Ceará (116), Amazonas (106). Na relação do total de casos confirmados e óbitos, o Brasil manteve a sua taxa de letalidade em 6,1%.

Ontem, o ministro Luiz Henrique Mandetta, voltou a dizer que o Brasil poderá enfrentar momentos difíceis entre maio e junho. Tal informação vem sendo contestada pelo presidente Jair Bolsonaro, que enxerga uma diminuição no ritmo de transmissão no país pelos próximos meses. A alegação é usada para justificar o afrouxamento das medidas de distanciamento social.

O ministro explicou que, diferentemente do hemisfério Norte, o Brasil está saindo do outono e indo para o inverno. “Vamos ter uma sazonalidade de influenza sobreposta à de corona”, disse, ao reforçar que “uma potencializa a outra”.

Ele disse que houve adesão muito grande da população, que “seguiu o caminho da cautela” proposto pela sua pasta, guiada pelo “instinto da proteção da vida”.

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, que chegou a pedir exoneração do cargo na manhã de ontem, relatou a pressão que o órgão sofre ao recomendar o isolamento. “Não tenho dúvida de que temos desafio pela frente. Só que estamos numa situação em que o êxito do nosso trabalho é criticado porque você vai ter menos casos e menos óbitos. Se a gente falha em algum ponto, vai aumentar o número de casos e de óbitos, e a gente vai ser criticado da mesma forma”, afirmou Oliveira, que teve o seu pedido de demissão rejeitado por Mandetta.