Título: Subsídios agrícolas ameaçam negociações
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/12/2005, Econoimia & Negócios, p. A21
Países desenvolvidos e em desenvolvimento prometem fechar o ano com mais um impasse nas negociações comerciais. As nações chegaram ontem divididas a Hong Kong, onde acontece a última rodada da Organização Mundial do Comércio (OMC) do ano. Logo na partida, o ministro da Economia da Alemanha deu sinais de que as conversações vão de mal a pior. - Não há nenhuma necessidade para nós de fazer qualquer novo avanço até que os demais mantenham o passo conosco - disse Michael Glos, em Berlim. - Já fomos muito longe, agora é a vez dos outros.
O debate está centrado na redução dos subsídios agrícolas, que tiram a competitividade de países mais pobres frente aos desenvolvidos. A União Européia resiste em avançar neste ponto até que Japão e Estados Unidos ofereçam propostas mais consistentes nesse sentido. Washington já tem sobre a mesa proposta em que se compromete a reduzir em 60%, ao longo de cinco anos, as ajudas diretas aos agricultores.
Para o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, caso a União Européia não apresente oferta melhor, as negociações tenderão a fracassar.
- A menos que a União Européia melhore sua oferta no setor agrícola, não haverá uma rodada bem-sucedida - reconhece o chanceler brasileiro. - A proposta européia oferece menos que o acertado na Rodada Uruguai.
Ontem, a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), por meio de nota, informou estar preocupada com o que chamou de ''pouca ambição'' na rodada ministerial de Hong Kong.
''Somente um avanço significativo nesta reunião poderá garantir a conclusão, no ano que vem, de um acordo equilibrado que cumpra as metas de desenvolvimento da Rodada Doha'', disse. ''O fracasso representaria uma inestimável oportunidade perdida para o Brasil e para o mundo''.
Além das turbulências internas, os ministros enfrentarão também protestos do lado de fora. Mais de 10 mil ativistas antiglobalização já se preparam em Hong Kong para protestar contra a liberalização do comércio mundial.