Título: Melhora na classe média
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 15/12/2005, País, p. A2

O crescimento do poder de compra e da oferta de crédito da classe média em 2005 foram os principais impulsos para a melhora na avaliação do presidente Lula entre a população que vive com renda de 5 a 10 salários mínimos. Nesta faixa de rendimento, os que acham que o governo é bom ou ótimo subiu de 23% em setembro para 27% em dezembro. O percentual dos que avaliam como ruim ou péssimo caiu de 41% na pesquisa feita há três meses para 32% na medição divulgada ontem pelo Ibope. O economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas, explicou que a classe média tende a aumentar sua confiança no governo à medida que a situação econômica melhora.

A avaliação da administração Lula entre as classes mais pobres (com rendimento de até dois salários mínimos) e mais ricas (acima de dez salários) piorou porque não são tão sensíveis à melhora do poder de compra.

¿ O rico já podia comprar mais e a melhora para os mais pobres é muito pequena. O aumento da renda e queda do desemprego surtiram efeito mesmo na classe média ¿ destacou o economista da CNC.

Freitas aponta que a queda do desemprego e da inflação e o aumento do crédito, apesar das taxas de juros ainda elevadas, ajudaram no aumento do poder aquisitivo da população. Tanto que o comércio registrou crescimento de vendas de 4,82% este ano até outubro em relação a igual período do ano passado, que ainda não inclui as vendas do Natal. Este é o último dado da pesquisa disponível.

O economista da CNC afirma que não houve mudança radical no cenário econômico nos últimos três meses, mas ele acredita que a população demorou a perceber que sua situação econômica havia melhorado.

O poder de compra não significa que os salários subiram, mas que a renda real do trabalhador (que são os salários médios menos a inflação), aumentou 1,8% este ano até outubro.