Título: Reeleição divide os tucanos
Autor: Liliana Lavoratti
Fonte: Jornal do Brasil, 15/12/2005, País, p. A4

Está cada vez mais evidente a divergência entre os tucanos sobre o instituto da reeleição. O secretário da Casa Civil do governo do estado de São Paulo e uma das principais lideranças do PSDB, deputado federal licenciado Arnaldo Madeira, disse ontem que o partido corre o risco de ser acusado de casuísta se continuar defendendo o fim do direito de um segundo mandato para a Presidência: ¿ Quando estávamos no governo federal a reeleição era boa, mas passou a ser ruim agora porque temos vários nomes fortes para disputar as eleições presidenciais de 2006? Semantivermos essa postura, logo seremos acusados de voltar atrás por puro casuísmo. ¿ Não faz nem dez anos que a reeleição existe, portanto a experiência é muito curta para decidirmos se deve ser encerrada ou não ¿ acrescentou Madeira, tesoureiro nacional do PSDB.

Ao contrário dos demais tucanos que apregoam a aprovação da proposta de emenda constitucional em tramitação no Congresso, de autoria do deputado Jutahy Magalhães Jr (PSDB-BA), que acaba com a reeleição, Madeira afirma que a reeleição foi exitosa até agora. Na avaliação dele, o fim de um segundo mandato presidencial criaria instabilidade institucional.

A proposta implicaria na extensão do mandato presidencial, de quatro para cinco anos. Com isso, acabaria a coincidência do mandato presidencial com o de governadores e também dos congressistas.

¿ Se o nossos sistema político-eleitoral já dificulta a constituição da base de apoio do governo no Congresso, não é difícil imaginar a confusão de um governo com mais de uma eleição de deputados federais e senadores ¿ comenta. Nem os próprios tucanos escondem mais, entretanto, que o fim da reeleição, é uma estratégia para convencer os governadores Geraldo Alckmin e Aécio Neves (Minas Gerais) que o prefeito José Serra pode sair candidato em 2006 e que não precisará esperar além de 2010 para ter uma chance à corrida presidencial. Serra e Alckmin são os dois principais pré-candidatos do PSDB.

Na contramão da maioria tucana, Alckmin acha que ainda é cedo para acabar com a reeleição, enquanto Aécio Neves se coloca a favor, contando com a hipótese de se beneficiar da mudança lançando-se candidato em 2010 ou 2011.