Título: Dólar em baixa, lucro em alta no Rio
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Fonte: Jornal do Brasil, 15/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

Enquanto empresários paulistas se rebelam, os cariocas agradecem pela valorização do real. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) apurou que o maior impacto do dólar fraco sobre as empresas fluminenses é a redução do preço da matéria-prima. E, para a maioria das empresas consultadas, a trajetória do câmbio não faz diferença. De acordo com 5,5% das indústrias do Rio, o câmbio afetou o volume das exportações. Outras 17,4% apontam queda no faturamento das vendas externas com o dólar barato. Cerca de 25% dos entrevistados pela Firjan têm se beneficiado do real forte na hora de exportar componentes de produção. E 39,4% não se preocupam com o que acontece com a relação entre real e dólar.

- O estado de São Paulo é, sem dúvida, o que mais perde com a desvalorização cambial, porque é o grande exportador de manufaturados. Já o Rio, mais puxado pelo petróleo, não tem grande participação nessa pauta e até se beneficia - afirmou o presidente do conselho da Firjan, Carlos Mariani.

Os mais favorecidos com a valorização do real são os fabricantes de cosméticos e perfumes, além da indústria química e de plástico. De acordo com a economista-chefe da Firjan, Luciana Sá, metade dos produtores de cosméticos e perfumes exibe benefícios do dólar em queda por causa do menor preço de matérias-primas. Cerca de 40% dos ramos de têxteis e química verificam impacto positivo sobre o custo de produção.

Luciana Sá pondera, contudo, que a amostra da Firjan não é suficiente para retratar bem o que acontece com cada setor, mas dá uma indicação. A Firjan entrevistou 109 empresas distribuídas em 14 segmentos industriais. A indústria do Rio passa no fim deste ano pelo mesmo otimismo que caracterizou o final de 2004. Ao contrário de empresários paulistas, a indústria do Rio planeja aumentar vendas e investimentos. Além disso, avalia que a economia crescerá de 3% a 4% em 2006, taxa quase igual ao previsto no final de 2004, quando se esperava alta de 3,5% a 4%.

Ao todo, 43,5% dos entrevistados apostam em alta das vendas no 1º trimestre em relação ao mesmo período de 2005. Os investimentos vão crescer em 35,8% das empresas. Para 58% dos empresários, a maior preocupação é com a carga tributária.