O Globo, n. 32496, 27/07/2022. Política, p. 8

Fachin nega adiamento, e MDB vai confirmar Tebet ao Planalto

Fernanda Trisotto
Mariana Muniz


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, negou o pedido de adiamento da convenção do MDB, que oficializará a candidatura de Simone Tebet à Presidência. O evento está confirmado para a manhã de hoje. A ala lulista do partido havia protocolado ação pedindo o adiamento da convenção virtual alegando “grave irregularidade” relacionada ao sigilo do voto.

“Há regra expressa no edital de convocação asseverando que será garantido o sigilo do voto; a parte requerente não fez, a essa altura, demonstração suficiente em sentido contrário. Não há prova minimamente robusta de que a garantia prevista no edital não será cumprida”, justificou Fachin em sua decisão liminar, publicada ontem.

Com a decisão de Fachin, a convenção vai ocorrer hoje de forma virtual. O MDB decidiu fazer a convenção pelo sistema a pretexto de cortar custos, mas também servirá para controlar as alas dissidentes que não querem a candidatura própria.

A ação pedindo o adiamento foi proposta por Hugo Wanderley Caju, que é filiado ao MDB desde 2007 e foi eleito delegado da convenção nacional. Ele faz parte do diretório de Alagoas, que é controlado pelo senador Renan Calheiros.

Potencial eleitoral

A busca pelo adiamento da convenção já havia sido sinalizada por Renan Calheiros, que defende que o encontro seja realizado no dia 5 de agosto, último dia possível, para que o partido tenha mais tempo para discutir a viabilidade da candidatura própria. Ele ainda argumenta que o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, não cumpriu o compromisso de realizar uma reunião entre junho e julho para reavaliar o potencial eleitoral de Tebet.

Um dos argumentos usados por Calheiros é de que uma candidatura pouco competitiva para a presidência pode afetar o potencial do partido em emplacar parlamentares na Câmara e no Senado. Como o GLOBO mostrou, o encolhimento das bancadas do MDB no Congresso preocupa caciques do partido, que argumentam que a força da sigla está na quantidade de prefeitos, vereadores, deputados e senadores que consegue eleger.

Na última eleição, o partido minguou no Congresso. Na Câmara, o MDB encolheu de 65 deputados eleitos em 2014 para 34 eleitos em 2018 — neste momento, a bancada tem 37 parlamentares. No Senado, das 19 cadeiras em 2015, o MDB passou a 12. A investida da ala lulista do partido para o adiamento da convenção foi rechaçada por Baleia Rossi. O presidente da sigla contou com apoio dos correligionários bolsonaristas para emplacar a candidatura própria de Tebet.