Título: Nova mudança de rota na Varig
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 16/12/2005, Economia & Negócios, p. A17

A Fundação Ruben Berta (FRB) não controla mais Varig, Rio Sul e Nordeste, as três empresas do Grupo Varig em recuperação judicial desde junho deste ano. Os juízes Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, e Márcia Cunha, da 2ª Vara Empresarial, destituíram ontem a FRB do comando das companhias, que permanecem em recuperação judicial até 8 de janeiro. O Judiciário manteve ainda Marcelo Bottini na presidência da Varig, assim como os atuais integrantes do Conselho de Administração.

A decisão foi uma reação ao pedido, apresentado de manhã pelo escritório H. B. Cavalcanti e Mazzillo Advogados, para que a Varig saísse do processo de recuperação judicial.

- Quem faz um pedido desses está abusando dos seus poderes de controlador porque este pedido não nos parece interessante para as companhias, principalmente às vésperas de uma assembléia. Eles (FRB) ficaram quase 150 dias protegidos pela recuperação judicial. Depois de aproveitar o filé mignon, querem passar para uma recuperação extrajudicial - afirmou a juíza Márcia Cunha, citando o artigo 64 da lei de recuperação, que autoriza a destituição dos controladores.

A juíza fez questão de frisar que a proteção da recuperação judicial é importante para a sobrevivência das três empresas.

- O processo de recuperação não se tornou desinteressante para a Varig, mas para os controladores, e por isso tomamos esta decisão, que blinda a empresa contra a ação dos controladores - ressaltou.

Segundo ela, a FRB ainda pode recorrer, mas caso não haja nova decisão em sentido contrário, está mantida para a próxima segunda-feira a assembléia de credores que vai deliberar sobre a transferência da FRB Participações, controladora da Varig, para Docas.

A FRB sustenta que o processo de recuperação abriu espaço para demandas e pressões, por parte dos credores, que ameaçavam inviabilizar as operações da Varig. E argumenta que a proposta de Docas era a única que injetaria dinheiro novo nas empresas. Caso fosse aceita a suspensão da recuperação judicial, seria um baque para a nova lei de falências, sancionada este ano. A Varig foi a primeira grande companhia a buscar refúgio na legislação. FRB e Docas não se manifestaram sobre a decisão dos juízes.