Título: Juro dobra crescimento da dívida
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 16/12/2005, Economia & Negócios, p. A19

A manutenção da política de juros altos ao longo do no ano colaborou decisivamente para que a dívida pública mobiliária federal crescesse R$ 150 bilhões entre janeiro e novembro, atingindo, ao fim do período, a cifra de R$ 959,5 bilhões. O ritmo de crescimento do passivo no período é quase o dobro do verificado ao longo de todo o ano de 2004, quando cresceu R$ 79 bilhões, de R$ 731 bi para R$ 810 bi. A manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado tem impacto direto no passivo, já que 53% dos títulos públicos em poder do mercado são remunerados de acordo com a Selic.

Entre outubro e novembro, a dívida cresceu R$ 22 bilhões, ou 2,4%. Em outubro, o estoque da dívida era de R$ 937 bilhões. Apesar do ritmo acelerado de crescimento do endividamento, o coordenador-geral da Dívida Pública, Paulo Valle, o ano foi ''muito positivo'' na administração da dívida pública.

- Em janeiro, vamos soltar um relatório em que mostraremos toda a estratégia, com os resultados alcançados. Mas já temos uma boa idéia de como terminar o ano. Vamos atingir as metas propostas - afirmou Vale.

Segundo ele, a meta era manter a dívida abaixo do teto de R$ 1 trilhão até dezembro. A projeção do governo para dezembro, já considerada a taxa de juros anunciada anteontem pelo Comitê de Política Monetária, é que a dívida encerre o ano em R$ 970 bilhões.

Vale minimizou o impacto da alta de juros no acréscimo de R$ 22 bilhões na dívida entre outubro e novembro.

- A dívida mobiliária aumentou porque o Tesouro optou por emitir mais do que vence. Emitiu mais de R$ 10 bilhões do que vencia em novembro para aumentar seu caixa - disse.

A parcela de títulos pós-fixados - aqueles que estão atrelados à oscilação da taxa Selic - somou R$ 510,55 bilhões. Esses papéis totalizaram no mês passado 53,21% do montante da dívida, sendo que em outubro, representavam 55,68%. Por outro lado, houve aumento na parcela de títulos prefixados, passando a 26,88% do total da dívida em novembro, ante 24,48% de outubro. A dívida indexada a câmbio recuou, passando de 3,78% em outubro para 3,28% em novembro, totalizando R$ 31,45 bilhões.

Vale destacou ainda a emissão de NTN-B, títulos atrelados à variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O Tesouro emitiu em novembro R$ 8,8 bilhões nestes títulos, a maior emissão neste tipo de papel.

- A demanda está muito grande e em linha com nosso plano anual de financiamento. Com o Banco Central mantendo o corte de juros, a demanda deve aumentar.

Segundo ele, no mês de dezembro foram feitos dois leilões de NTN-B. Um realizado no dia cinco, onde foi vendido, no total, R$ 11,4 bilhões, e outro, feito ontem, de R$ 12,8 bilhões.