Título: Convocação extraordinária: Nova chance à Cidade Digital
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 16/12/2005, Brasília, p. D1

A convocação extraordinária aprovada para janeiro pode salvar o projeto da Cidade Digital. O projeto de lei que amplia o Parque Nacional de Brasília de 30 mil hectares, medida atual, para 41 mil hectares está listado na pauta de votações prevista para o período. A apreciação da proposta é o primeiro passo para o Ibama autorizar a implantação da Cidade Digital, mas antes é preciso garantir o consenso entre os parlamentares sobre o assunto. As discordâncias evitaram que a votação fosse realizada antes. - Eu voto o projeto, desde que seja o discutido pela Comissão de Meio Ambiente, que é o substitutivo do Pastor Jorge (PL-DF) - afirmou o deputado Alberto Fraga (PFL- DF).

Conforme projeto do deputado Jorge Pinheiro, o parque teria acréscimo de 13 mil hectares e não incluiria no parque as terras das quatro fazendas instaladas na área. A proposta em votação dá mais três mil hectares ao parque e inclui parte das fazendas na área.

Fraga disse que não tem interesse em votar o projeto, pois ele mexe com o direito de propriedade de muitas pessoas.

- Não podemos votar esse projeto por capricho do Ibama. Mais vale para mim um ser humano que um macaco numa árvore - afirmou o deputado.

De acordo com o porta voz do governador Joaquim Roriz, Paulo Fona, com ou sem a inclusão das fazendas, as famílias que residem na área serão retiradas pelo Ibama.

- Eles já tentaram isso e tudo o que eles conseguiram foi que o Ibama desse razão a essas pessoas. Somos a favor do projeto da cidade digital mas não podemos mexer com uma canetada em vidas que foram construídas naquela área. Isso beira a irresponsabilidade - revidou Fraga.

Segundo Fona, o governo federal disse que vai vetar o projeto caso o texto de Jorge Pinheiro seja aprovado. A proposta exclui a maior parte dessas fazendas.

Prejuízo - O atraso na votação pode significar perdas de investimentos de 2 bilhões de dólares e da criação de 40 mil empregos. Nas últimas semanas, o Banco do Brasil deu um ultimato ao GDF para que a Cidade Digital seja criada. A instituição financeira pretende criar um centro de dados na área. Os investimentos para a construção do Datacenter devem custar R$ 700 milhões, mas só serão aplicados no DF se o projeto seja aprovado pelo Congresso Nacional até fevereiro. Caso contrário, o banco estuda a possibilidade de criar o centro no Paraná, São Paulo ou Goiás.

- Recebi ordem da diretoria para começar o plano B considerando, principalmente, São Paulo. Com isso, Brasília além de não ter investimento do Datacenter perderia o complexo de tecnologia da informação [localizado no final da Asa Norte], pois os dois centros devem ficar juntos - disse Jesualdo Conceição da Silva, gerente Executivo do Datacenter.

Segundo Silva, o deslocamento do centro de tecnologia não acarretaria em mudança de muitos servidores, mas sim de equipamentos e máquinas.

- O banco tem prazo legal para estar com o Datacenter em operação. É um prédio de alta tecnologia e precisa de um ano e meio para ser colocado em operação - explicou Silva.

Segundo ele, a inclusão do projeto na pauta extraordinária é um passo para a solução do impasse.