Título: Comissão emite relatório
Autor: Paulo Celso Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 20/12/2005, País, p. A4

A prestação de contas da CPI dos Correios deve indicar, amanhã, que o desvio de recursos da Visanet no Banco do Brasil supera os R$ 10 milhões já apontados pela comissão como financiadores do valerioduto.

- A Visanet terá mais dinheiro no esquema. O Banco do Brasil ainda vai dar samba - afirmou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que participa da confecção do relatório em conjunto com o relator, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).

Os recursos da Visanet seriam a primeira fonte de origem do esquema do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Por conta disso, o relator da CPI deve pedir, no relatório final, o indiciamento do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, apontado como facilitador dos desvios.

No relatório gerencial, o relator deve reforçar a tese de que existiu o ''mensalão'', não necessariamente como o pagamento de recursos mês a mês. Em algumas situações, por exemplo, os deputados apontam que os pagamentos seriam realizados semanalmente.

- Fica configurado que o mensalão era uma espécie de caixa disponível para eventuais necessidades dos amigos no governo - afirmou o deputado Eduardo Paes.

Os integrantes da CPI trabalham agora para identificar os beneficiários de recursos de Marcos Valério. Há sacadores que ainda não têm sua vinculação com o esquema descoberta. Para apontá-los e saber se são ligados a parlamentares, os membros da comissão cruzarão dados do Rais (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho, nomes de assessores de deputados e as informações de quebra de sigilos em posse da Comissão Parlamentar de Inquérito.

Deputados desconfiam que parlamentares possam ter usado nome de assessores para não serem identificados como beneficiários do esquema. Até o momento, no entanto, nenhum novo nome de parlamentar foi apontado.

Os integrantes da comissão discutem hoje a possibilidade de designar um de seus membros para reunir propostas de melhoria da legislação destinada a coibir crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e fraudes em licitação. O deputado federal Onyx Lorenzoni (PFL-RS) se colocou à disposição para cuidar da atribuição.