Título: Esperança contra malária
Autor: Claudia Bojunga
Fonte: Jornal do Brasil, 20/12/2005, Saúde & Ciência, p. A9

Um pigmento chamado violaceína é a mais nova arma contra a malária. Uma pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp) mostrou que o composto químico é eficaz no combate ao protozoário causador da doença. A doença tropical atinge 450 mil de brasileiros por ano e mata cerca de 1 milhão anualmente no mundo.

O objetivo do trabalho é produzir uma opção aos remédios que estão no mercado. O coordenador da pesquisa, Fábio Trindade, ressalta que o grande problema do mal é a capacidade do parasita de se tornar resistente aos medicamentos.

- Na II Guerra a cloroquina era a droga mais usada. Hoje em dia, no Sudeste Asiático e no Brasil, o parasita já apresenta resistência a ela - explica ao JBTrindade, que também é professor do Instituto de Biologia da Unicamp.

O pigmento de cor violeta, é extraído da bactéria denominada Chromobacterium violaceum. O experimento foi realizado in vivo e in vitro. Em um primeiro momento, várias linhagens de camundongos, infectados com o protozoário da espécie Plasmodium chaubadi, receberam injeções abdominais com a substância. Este parasita não ataca o homem, mas, segundo o pesquisador, a vantagem dessa etapa é a realização do teste em um organismo vivo. Depois, o mesmo procedimento foi repetido em um meio artificial. Mas desta vez, contra a espécie Plasmodium falciparum, a mais prevalente em humanos.

A taxa de incidência observada foi de 50% a 60%. Trindade esclarece que qualquer atividade contra o protozoário da doença é válida, mesmo que não seja 100%. A intenção, afirma o pesquisador, é combinar o pigmento com outras drogas e aumentar a eficiência do composto através de manipulação química. A instituição já entrou com o pedido de patente.

- Mas a pesquisa ainda está em andamento e faltam os testes de toxicidade, para verificar os efeitos colaterais - afirma Trindade.

Uma das maiores vantagens da descoberta é que não seria necessário importar a substância, já que a bactéria existe no Brasil. Os protozoários da malária são transmitidos ao homem pelo sangue através da picada do mosquito do gênero Anopheles.