Título: Por uma decisão econômica
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 20/12/2005, Opinião, p. A12

A disputa em torno da localização da nova refinaria da Petrobras, prometida para o Estado do Rio, se afigura como uma batalha de torcidas de futebol. Com os ânimos exaltados, de parte a parte, cabe trazer a discussão para outro plano: o que é melhor para o futuro da economia fluminense, a instalação da unidade petroquímica em Itaguaí, nas imediações do Porto de Sepetiba, ou em Guriri, distrito de Campos dos Goytacazes? Há de se abstrair os embates políticos. É certo que, ao levar o projeto para o Norte Fluminense, a governadora Rosinha Matheus colherá frutos, assim como seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho. Mas a decisão pode e deve se circunscrever ao terreno econômico. E nesse aspecto a lógica aponta para Guriri.

Do ponto de vista de uma estratégia de desenvolvimento, Campos emerge como escolha natural por representar um pólo dinâmico - graças ao renascimento da cultura da cana-de-açúcar e a outros empreendimentos industriais - na região mais pobre do estado.

Itaguaí, por sua vez, enfrenta problemas do ponto de vista ambiental, como expôs o Jornal do Brasil em reportagem de Ricardo Rego Monteiro publicada na semana passada. O município já apresenta características industriais e sofre restrições do ponto de vista ambiental, numa disputa que remonta aos anos 80. Sem falar no fato de que a cidade é a porta de entrada da Costa Verde, região eminentemente turística, que se estende até Parati - um litoral paradisíaco que tem vocação natural bem diversa da atividade petroquímica.

É preciso pesar na balança os prós e os contras de cada endereço. Ainda não há passivo ambiental em Guriri, o que permitiria uma gestão mais eficiente da emissão de resíduos de uma grande fábrica, minimizando o impacto do ponto de vista da poluição. Além disso, Itaguaí continuaria ganhando, com empreendimentos como o pólo siderúrgico da ThyssenKrupp, em associação com a Vale do Rio Doce, e a nova unidade da Companhia Siderúrgica Nacional, em virtude da proximidade com o Porto de Sepetiba. Ainda mais com a promessa de que o arco rodoviário finalmente sairá do papel.

Os governos federal, estadual e municipais, líderes empresariais e trabalhadores devem se engajar em buscar, juntos, a melhor solução para a disputa, transformando-a numa alavanca para o crescimento econômico.