Título: Petrobras exporta álcool para Japão
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 20/12/2005, Economia & Negócios, p. A20

A Petrobras firmou contrato com uma empresa japonesa para vender 1,8 bilhão de litros de etanol (álcool de cana-de-açúcar) para o Japão por ano. O contrato, que também prevê a constituição de uma joint-venture - batizada de Brazil-Japan Ethanol -, poderá ampliar as exportações do produto para o parceiro asiático para 6 bilhões de litros. O diretor da Área de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, revelou que, para não comprometer o fornecimento do mercado brasileiro, o acordo demandará não só a constituição de contratos de longo prazo com os usineiros brasileiros, mas também a expansão da área plantada de canaviais do país. Jiro Amagai, presidente da Nippon Alcohol Banhai, a sócia da Petrobras, uma empresa especializada em importação e exportação, afirmou que já foram iniciados, no Japão, os estudos para avaliar os impactos da adição de álcool nos motores japoneses. A legislação daquele país permite uma mistura de no máximo 3% de etanol na gasolina, o que representa um mercado potencial de 1,8 bilhão de litros por ano para as exportações brasileiras.

Costa afirma que, dependendo do resultado da experiência, esse percentual de adição pode chegar a 10%, o que representaria um mercado potencial de 6 bilhões de litros de álcool. O governo japonês estuda a ampliação desses percentuais como forma de atender as exigências do protocolo de Kyoto, que prevê a redução das emissões de carbono na atmosfera. Ao contrário dos combustíveis fósseis, o álcool é considerado um combustível limpo.

Além dos estudos técnicos, Amagai revelou que a nova joint-venture promoverá estudos de mercado para avaliar o potencial do produto. Inicialmente, porém, a expectativa é de que seja embarcada em um prazo de até um ano e meio a primeira remessa de 20 milhões de litros de álcool brasileiro para o Japão.

Também presente na cerimônia de assinatura do acordo com a empresa japonesa, o diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, afirmou que mantém expectativas de negociar com o novo presidente da Bolívia, Evo Moráles, uma solução para o impasse envolvendo as refinarias da empresa brasileira naquele país. Moráles anunciou, durante a campanha, intenções de retomar o controle do estado nas refinarias mantidas pela Petrobras nas cidades de Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra.

Cerveró ponderou, no entanto, que não cabe à Petrobras procurar Moráles para conversar sobre o assunto. A iniciativa, segundo ele, terá que partir do novo presidente boliviano. O diretor da estatal disse esperar que o governo da Bolívia procure em janeiro não só a Petrobras, mas todas as petroleiras que lá atuam para discutir pendências na área energética.