Título: Renan prepara terreno para o partido
Autor: Sérgio Prado e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 18/12/2005, País, p. A4

Numa sinalização de que o PMDB pode tomar novo rumo nas próximas eleições, o presidente do Congresso, Renan endureceu o discurso ao anunciar a convocação extraordinária do Congresso. Irritadiço, afirmou não ter sido eleito para ser líder do governo, criticou a maneira como o Palácio do Planalto respondeu à crise política e apontou as baterias para a condução da política econômica.

- A overdose de juros associada a um superávit severo foram um equívoco. As taxas de juros não podem ser tratadas como febre alta. O governo tem outros instrumentos e poderia usá-los mais - afirmou Renan.

Não bastasse, acusou o governo de não cumprir promessas de campanha, como a conclusão das reformas tributária e política.

- Errou o Executivo ao reagir à crise apenas com retórica. O governo rifou na bacia das almas as reformas tributária e política. Elas padecem da síndrome da maioria estática - acrescentou o senador.

No governo, houve quem enxergasse na atitude de Renan uma espécie de preparação de terreno para uma possível mudança na retórica para 2006. Para os peemedebistas que podem pender tanto para um lado como para o outro, torna-se cada mais conveniente a candidatura à presidência de Nelson Jobim, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Como candidato, se não conseguisse passar para o segundo turno, Jobim poderia compor com qualquer um dos grupos - PT ou PSDB - para 2006 sem grandes constrangimentos. Com a vaga na segunda etapa das eleições, idem.