Palocci : política econômica é sólida
Adriana Vasconcelos, Monica Tavares e Flávia Barbosa
O Globo, n. 26313, 22/08/2005. O País, p. 3
Ministro diz que mexer nos fundamentos da economia ‘seria um equívoco do tamanho do Brasil’
BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou ontem que a política econômica não vai mudar, apesar do seu envolvimento na crise. Num discurso calculado para acalmar o mercado financeiro e o setor produtivo, disse que os fundamentos da política econômica são sólidos e não dependem de pessoas, e sim das instituições.
- Estou muito seguro de que esse processo, atinja a quem atingir, não colocará os pilares e os fundamento da economia em risco.
Palocci disse que ninguém é insubstituível e que o Brasil tem dado mostras inequívocas de maturidade ao longo da crise. Por isso, não vê motivos para aumento da taxa de juros, de 19,75% ao ano, ou do superávit primário para proteger a economia:
- As pessoas passam, as políticas continuam. Os agentes econômicos sabem diferenciar uma crise política e uma crise econômica. A democracia brasileira avançou. A política econômica não carece de reforços, mas tampouco pode ser enfraquecida. Seria um equívoco do tamanho do Brasil.
Para o ministro, o mercado financeiro se assustou, na última sexta-feira, com a forma como foram divulgadas as denúncias contra ele feitas por Buratti.
- Não acho que será necessário, diante dos problemas políticos, que a política econômica seja mais ortodoxa. Não é uma atitude de política econômica que blinda a economia, mas as atitudes que a política teve nos últimos anos e os resultados dela. Se as atitudes não tivessem sido tomadas lá atrás não adiantava subir juros ou fazer superávit maior, a economia se desorganizaria.
Palocci disse que contribuiu para a estabilidade econômica o esforço fiscal feito pelo governo durante 2003. E lembrou o trabalho de outros governos, como a decisão do presidente José Sarney de criar o Tesouro Nacional. Destacou que no governo Fernando Henrique Cardoso foi criada a Lei de Responsabilidade Fiscal, que limitou os gastos dos governos:
- O Brasil ao final do governo Lula vai ser muito melhor. Não só por mérito nosso. Não há um país de quatro em quatro anos.