Título: Blindagem afasta risco eleitoral
Autor: Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 18/12/2005, Economia & Negócios, p. A20

A América Latina está bem posicionada para enfrentar as eleições presidenciais do ano que vem sem sofrer desvalorizações cambiais nem quedas em seus mercados de bônus, avalia o ING Group.

Os governos da região estão antecipando a organização de recursos para 2006, e a maior parte dos principais candidatos dos sete países que elegerão presidentes estão dispostos a manter os planos atuais para o controle de gastos e da inflação, afirmou David Spegel, chefe do setor de estratégia para mercados emergentes do ING.

''Os riscos das eleições são gerenciáveis'', disse Spegel em relatório. ''Considerando-se que uma parcela significativa das exigências de financiamento externo para 2006 já foi concluída, a perspectiva para a estabilidade do mercado financeiro no período analisado é muito melhor do que os investidores provavelmente supõem''.

Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Peru e Venezuela, além do Brasil, realizarão eleições presidenciais em 2006. O Brasil já tomou emprestados mais de US$ 3 bilhões para arcar com suas necessidades financeiras externas do ano que vem e o México também já concluiu seu esquema de financiamento externo para 2006, lembra Spegel. Mesmo assim, as eleições podem adiar a aprovação de leis necessárias para estimular o crescimento econômico, como as reformas tributária e trabalhista, avalia ele.

Poucos entre os candidatos que concorrerão nas próximas eleições presidenciais latino-americanas sinalizaram que contestarão as políticas vigentes destinadas a controlar os gastos governamentais e a inflação, o que minaria a confiança dos investidores, disse Spegel.

''No momento, temos poucas razões para acreditar na baixa do mercado de bônus em 2006 com base nos riscos políticos'', diz o relatório.

A blindagem das economias da região diante dos processos eleitorais também é verificada pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal). Embora enxergue nas eleições presidenciais desses países um risco para o próximo ano, junto com as taxas de juros de curto prazo nos EUA, a Cepal acredita que o processo será superado ''com sucesso''.

As observações foram feitas na última semana, quando a Cepal divulgou a previsão de crescimento econômico conjunto da região de 4,1%. Este ano, a economia da América Latina e do Caribe cresceu 4,3%, segundo balanço preliminar. Em 2004, a região se expandiu 5,9%.

Ainda segundo cálculos da Cepal, caso estas previsões se confirmem, o crescimento do PIB por habitante em 2006 será de 2,5%, e o acumulado durante o período entre 2003 e 2006 ficará perto de 11%.

O relatório da Cepal projeta taxas de crescimento iguais ou superiores a 5% para o Panamá, Argentina, Venezuela, Chile, Peru e República Dominicana para 2006. Para os países do Cone Sul-Americano, a Cepal calcula uma taxa de expansão superior a 5,7%, e de 4,9% para as nações da Comunidade Andina. México e América Central deverão crescer 3,6%, e o Caribe, 5,3%.

Por países, a Cepal projetou para o Brasil um crescimento de 4,3% e de 5,5% para o Chile, enquanto o México crescerá 3,5%.

Para a Cepal, as taxas de inflação da região continuarão estáveis, em torno de 6%.

Com agências