Título: PMDB afasta André Luiz
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2004, País, p. A-4
Atendendo a determinação da Executiva Nacional, o PMDB do Rio anunciou ontem o afastamento do partido do deputado federal André Luiz e a abertura de investigação contra ele por meio de sua comissão de ética. A decisão foi comunicada em nota assinada pelo presidente regional da legenda, Anthony Garotinho. Se a sigla entender que há provas contra André Luiz, o deputado poderá ser expulso.
Antes mesmo da decisão do PMDB, o próprio deputado entregou ontem um pedido de afastamento temporário. Ele antecipou a decisão que já havia sido anunciada no início da semana pelo presidente nacional da sigla, deputado Michel Temer (SP).
André Luiz, que fica temporariamente sem filiação a qualquer partido, não apresentou qualquer defesa à Corregedoria da Câmara.
Uma reunião da Mesa Diretora da Casa está confirmada para hoje. No encontro, peritos da Unicamp darão seu parecer sobre a veracidade ou não da fita apresentada por Carlinhos Cachoeira, na qual está gravada a suposta tentativa de extorsão por parte de André Luiz.
Com base nas investigações da comissão de sindicância instalada na Câmara para apurar o caso da CPI da Loterj, bem como no resultado da perícia nas fitas, a Mesa Diretora deve decidir se encaminha processo para o Conselho de Ética, pedindo a cassação de André Luiz, ou se arquiva o caso.
Caso o processo de cassação seja aberto e fique comprovada a veracidade das denúncias, a tendência do PMDB é pela expulsão definitiva de André Luiz de seus quadros, segundo o presidente do partido.
Gravações divulgadas pela revista Veja no mês passado mostram o deputado supostamente cobrando propina de interlocutores do empresário do jogo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para que sua prisão não fosse sugerida no relatório da CPI da Loterj, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). Segundo os diálogos da fita, o deputado teria tentado extorquir R$ 4 milhões. O esquema seria feito com a participação de vários parlamentares da Alerj e a propina garantiria que Carlinhos Cachoeira estaria fora do relatório final.
Outras gravações divulgadas na última semana, o deputado supostamente admite ter ligações com uma série de homicídios no Rio. Nas transcrições publicadas na revista, André Luiz diz fazer parte de um grupo de extermínio e afirma que teria reunido homens para matar os responsáveis pela morte de seguranças seus.
A promotora Dora Beatriz da Costa, do Ministério Público do Estado do Rio, deve receber hoje as fitas dos advogados de Carlinhos Cachoeira. O material será enviado para perícia.