Título: Mais um deputado sob suspeita
Autor: Marco Antônio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2004, País, p. A-4

Parlamentar teria tentado extorquir empresário para a instalação de posto de gasolina no Rio A deputada estadual Cidinha Campos (PDT) promete denunciar hoje ao presidente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), o nome de um deputado estadual que teria tentado extorquir dinheiro de um empresário para liberar a instalação de um posto no Estado do Rio. O parlamentar estaria envolvido com a chamada máfia dos combustíveis.

- Não denunciei hoje (ontem) porque ainda estou degravando a fita. Para mim não importa se ele tentou extorquir R$ 1 ou R$ 1 milhão. É uma questão gravíssima. O que estranho muito é que pessoas tão envolvidas não tenham sido investigadas até hoje - afirmou Cidinha que, mesmo pressionada pelos jornalistas e pelos líderes partidários, não disse o nome do parlamentar.

Ela apenas revelou que o deputado estadual é ligado ao também deputado Domingos Brazão (PMDB), denunciado na semana passada por Cidinha. Segundo a parlamentar, Brazão comprou um posto de gasolina e manteria em seu gabinete, como funcionário, o empresário Renan de Macedo Leite.

Renan doou R$ 10 mil para a campanha do vereador eleito Francisco Brazão, irmão do deputado. Renan foi preso numa operação da Polícia Federal na semana passada, no Rio. A Mesa Diretora da Alerj decidiu pela demissão do empresário.

O presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani, disse que a Mesa Diretora analisará as novas denúncias da deputada.

- Não terá denúncia nesta Casa que não será apurada - afirmou o deputado Jorge Picciani.

Em meio à troca de acusações entre deputados, a Alerj vai recorrer da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de reintegrar o deputado cassado Marcos Abrahão. O procurador da Alerj, Marcelo Cerqueira, vai esperar o comunicado oficial para impetrar uma nova liminar contra a decisão.

Um assessor do deputado é suspeito de ser o mandante da morte do deputado Valdeci Paiva de Jesus, morto em janeiro de 2003. Abrahão foi cassado seis meses depois.