Título: Corregedoria investiga boca-de-urna
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 19/12/2005, País, p. A4

- O caso da suposta boca-de-urna ocorrido durante a votação do processo de cassação do mandato do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) só começará a ser investigado pela Corregedoria da Câmara amanhã. A informação é da assessoria da Mesa Diretora da Casa. O deputado Mauro Passos (PT-SC) ingressou sexta-feira com representação contra o deputado Osvaldo Biolchi (PMDB-RS), acusado de ter feito boca-de-urna a favor da absolvição de Queiroz durante a votação.

- A boca-de-urna foi verdadeira. Eu testemunhei. Eu vi o deputado Biolchi entregando a cédula com o não para o deputado Mauro Passos. Já me prontifiquei a ser testemunha da representação dele junto à Corregedoria - afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

Alencar foi o primeiro deputado a denunciar a boca-de-urna, ainda na noite de quarta-feira, mas sem citar os nomes dos deputados envolvidos no caso naquele momento. O deputado não quis adiantar qual pena ele acha que deveria ser aplicada caso a denúncia for comprovada, mas disse esperar que a Corregedoria trabalhe com a severidade.

- Foi um clima de verdadeiro oba-oba no plenário na hora da votação. Os deputados que se manifestaram a favor da cassação chegaram a ser molestados pelos seus companheiros que não queriam deixá-los falar. Uma verdadeira falta de respeito - avaliou Alencar.

Em sua representação, Passos acusa Biolchi de quebra do decoro parlamentar.

- Biolchi estava com um conjunto de votos prontos na mão, distribuindo para os deputados e inclusive me entregou um. Era um voto pelo não, portanto, contrário ao relatório do Conselho de Ética e favorável ao deputado Romeu Queiroz - afirmou.

Em sua defesa, Biolchi afirma que pegou por engano dois votos oficiais na cabine de votação e que na saída deixou um destes votos cair no chão. Ele nega que tenha feito boca-de-urna e que tenha entregue um voto oficial preenchido a um colega parlamentar. (F.P)