Título: Refém britânica foi executada
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2004, Internacional, p. A-9

Vídeo exibido pela Al Jazira mostra a morte de Margaret Hassan, diretora da ONG Care, seqüestrada há quase um mês

EFE Hassan foi morta em Faluja

BAGDÁ - O rede Al Jazira afirmou ontem ter recebido um vídeo no qual é exibida a suposta execução da diretora da organização humanitária Care no Iraque, a britânica Margaret Hassan, seqüestrada há quase um mês. Anteriormente, um comunicado de parentes de Hassan, na Grã-Bretanha, falava do temor de que a refém tivesse sido morta por seus captores.

''Nossos corações estão partidos, perdemos a esperança de que ela não tenha nos deixado'', escreveram Michael, Deirdre, Geraldine e Kathryn Fitzsimons, irmãos de Margareth. Na mensagem, eles descreveram o assassinato como ''imperdoável'' e afirmam que ''o vazio que ela deixa nunca será preenchido''.

Apesar do anúncio, até o fim da noite ainda não havia confirmação oficial da morte da diretora, que nasceu na Irlanda há 59 anos e tem passaporte inglês e iraquiano. A embaixada da Grã-Bretanha em Bagdá admitiu apenas a existência do vídeo, mas acredita que o conteúdo seja ''autêntico''.

Além de diplomatas ingleses, a Al Jazira convidou o marido de Margaret, o iraquiano Tahsin Hassan, para assistir à fita, recebida ''há alguns dias'', segundo a direção. Ele também achou que a pessoa executada era sua esposa. As imagens mostram uma mulher, vendada, que é baleada. A rede se negou a divulgar a fita.

- Somos contra esse tipo de exibição, por se tratar de um atirador disparando contra uma mulher - afirmou o diretor, Jihad Ballout.

No domingo, marines americanos encontraram em Faluja um corpo mutilado, que acredita-se ser de uma mulher ocidental. Além da ativista humanitária, a única mulher não-árabe seqüestrada no Iraque é a polonesa Teresa Borcz Khalifa, de 54 anos. Ela também mora no país do Golfo há muitos anos e foi capturada no mês passado.

Margaret Hassan vivia há 30 anos no Iraque e trabalhava com a Care desde 1991. Em 19 de outubro, foi retirada de seu escritório, em Bagdá, e levada por um grupo, que não assumiu a autoria do crime.

No dia 2 de novembro, a Al Jazira disse que os seqüestradores ameaçaram entregá-la a militantes da rede do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi - acusado de manter ligações com a rede terrorista Al Qaeda - conhecidos por decapitar reféns.

Três dias depois, uma mensagem atribuída ao grupo liderado por Al Zarqawi disse que Hassan seria libertada, caso fosse entregue a eles.

A Care Internacional é uma organização não-governamental presente em 72 países e que há 58 anos atende situações de emergência e implementa programas para a promoção do desenvolvimento sustentável. Depois do seqüestro da diretora no Iraque, a ONG suspendeu as atividades no país, por falta de segurança para o seu pessoal. Num comunicado ontem, a organização também lamentou o possível assassinato de Hassan: ''Toda a Care está de luto''.