Título: De que lado estão?
Autor: Edson Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 19/12/2005, Outras Opiniões, p. A11

O projeto político representado pelo governo Lula tem adotado ações concretas para dignificar o dia-a-dia da população e garantir as condições para o crescimento. Fazendo opção sempre pelos trabalhadores, o governo federal tem sofrido ataques dos mais diversos que extrapolam em muito as divergências políticas próprias da democracia e atingem a honra e a trajetória de pessoas e instituições. E fica claro, mais uma vez, o amadurecimento do povo brasileiro, que não só mantém o clima de tranqüilidade e confiança como reconhece este governo como único projeto político capaz de ousar em medidas que avancem na redistribuição de renda e na conquista de justiça social.

Acaba de ser sancionada uma lei com medidas de desoneração tributária e incentivos ao setor produtivo. Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas indica que a distribuição de renda melhorou e a miséria diminuiu. De quatro pessoas, uma está na faixa da miserabilidade: 2,628 milhões de brasileiros saíram desta condição. Estes são os melhores índices desde que esta medição começou a ser feita, em 1992. Desde os anos 70 não havia registro da queda de desigualdade, o que vem acontecendo há três anos seguidos. Esta pesquisa indica, ainda, aumento da escolaridade e geração de emprego.

Mas há inúmeros e gravíssimos problemas. Não fingimos que não os vemos nem nos esforçamos para exaltar apenas as conquistas. Pelo contrário, uma das críticas que recebemos internamente e dos parceiros é justamente que o governo não tem conseguido dar visibilidade aos seus feitos e avanços. Mas isto acontece porque nossa preocupação é maior com o realizar do que com o divulgar. Fazer parecer é fácil, difícil é transformar sonhos em realidade.

E nós, do Partido dos Trabalhadores, nós que integramos e apoiamos o governo Lula, vivemos, também, a decepção de ver companheiros abandonando este projeto político. Isto nos faz repensar trajetórias para compreender e buscar os erros que, talvez, tenhamos cometido. Mas quanto mais refletimos, mais convictos ficamos das nossas escolhas.

O artigo recentemente publicado por Milton Temer pontuou mais um destes momentos. Na ânsia de criticar o governo Lula, o PT e nosso pré-candidato ao governo do Rio, Vladimir Palmeira, o jornalista chegou à greve dos professores do Colégio Pedro II. E conseguiu a proeza de misturar alhos com bugalhos, posições pessoais com posições coletivas mencionando a participação do chefe de gabinete do meu mandato - pai de uma aluna - pelo fim da greve. Desde o início da greve manifestei meu apoio, por escrito, à luta dos trabalhadores. O direito à greve é legítimo e foi conquistado a duras penas. Minha história, a de meu partido e meu mandato não deixam dúvidas sobre de que lado estamos: dos trabalhadores sempre. Não podemos, no entanto, deixar de perceber que a sociedade tem buscado novas formas de organização e manifestação. Os trabalhadores, organizados em suas entidades, também devem buscar outros instrumentos de luta. O exemplo dos servidores da saúde mostra que a greve não é a única forma de alcançar conquistas.

Infelizmente, temos sido atacados, pessoal ou politicamente, por figuras cuja história não os capacita para tal. No Congresso, somos atacados por ACM, Arthur Virgílio e Bornhausen. Somos atacados, também, por parlamentares do P-Sol que busca se viabilizar atacando o PT. Acabam, desta forma, servindo à direita.

O que existe de fato é a grande disputa entre a esquerda, liderada pelo PT, e a direita. Nós representamos a possibilidade real de construção de uma sociedade inclusiva. Já a direita - que submeteu a população ao modelo econômico que acentuou a dependência e a exclusão e destruiu o patrimônio público - quer nos ver varridos do mapa, do mapa eleitoral, inclusive. É hora de Milton Temer e seus partidários escolherem de que lado estão. Nós fizemos nossa opção há muito tempo.