Correio Braziliense, n. 22515, 08/11/2024. Economia, p. 7

Lula convoca nova reunião sobre corte
Mayara Souto 
Victor Correia
Rafaela Gonçalves


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta a se reunir hoje com a equipe econômica do governo para tentar fechar acordo sobre o corte de gastos. Ao longo de toda a semana, o presidente vem discutindo o assunto com seus ministros, em diferentes dias.

Ontem, o encontro foi com os ministros Nísia Trindade, da Saúde, Camilo Santana, da Educação, e Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego – três das pastas que devem sofrer restrições.

Além dos responsáveis pelas áreas que devem ser afetadas, participaram de todas as reuniões os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, da Gestão, Esther Dweck e da Casa Civil, Rui Costa. Eles formam a Junta de Execução Orçamentária (JEO), responsável por assessorar o presidente na condução da política fiscal. O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, também participou. Após o almoço, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, juntou-se aos demais ministros.

O governo corre para finalizar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com mudanças nas regras para pagamento de despesas, de modo a fortalecer o arcabouço fiscal. Há preocupação na equipe econômica com a manutenção do arcabouço fiscal a partir de 2025, já que as despesas públicas estão crescendo acima do esperado. O cenário também gerou pressão do mercado financeiro para que o corte seja anunciado logo. Na sexta-feira passada, o dólar bateu o recorde de R$ 5,86, maior valor desde a pandemia de 2020 – o aumento foi causado não somente pela tensão interna, mas também pela apreensão com a eleição norte-americana.

O encontro de ontem foi convocado por Lula na intenção de finalizar a proposta. Como a PEC terá que ser aprovada pelo Congresso Nacional, Lula faz questão de conversar com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), antes de anunciar formalmente os cortes. Por isso, o mais provável é que as medidas saiam apenas na semana que vem.

Ontem, os dois parlamentares tiveram a agenda cheia com compromissos do P20, o encontro de parlamentares dos países do G20, que ocorreu Congresso Nacional. A PEC será votada no ano que vem.