Correio Braziliense, n. 22515, 08/11/2024. Economia, p. 7
Selic deve subir mais
Rosana Hessel
Um dia após o Banco Central aumentar a taxa básica da economia (Selic) em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, analistas retomaram as revisões para os juros no fim do novo ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro. O novo aumento dos juros ocorreu, em grande parte, devido à piora das projeções para a inflação e do quadro fiscal, e ao aumento das incertezas no mercado externo, de acordo com a nota do Copom divulgada após o término do segundo dia da reunião.
O consenso dos analistas é de que o ritmo atual deverá ser mantido na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro, e, com isso, a taxa básica deverá subir para 11,75% ao ano. Os especialistas reconhecem que os juros deverão continuar elevados por mais tempo do que o inicialmente previsto. Nesse sentido, o novo piso para a Selic nesse novo ciclo passa a ser entre 12,50% e 13%, pois algumas previsões já sinalizam algo perto de 14%. A XP Investimentos, por exemplo, elevou de 12% para 13,25% a previsão para a taxa terminal da Selic. Além disso, algumas apostas indicam que a taxa básica começará a cair apenas no fim de 2025 ou apenas em 2026.
Com isso, analistas lembram que o próximo presidente do BC, atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, vai ter que seguir aumentando os juros logo no início de sua gestão à frente da autoridade monetária. Na avaliação do ex-diretor do Banco Central e consultor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Turismo e Serviços (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, como a economia interna está mais aquecida do que o inicialmente previsto pelo mercado, isso pede mais juros e o Banco Central não tem muita alternativa diante da demanda aquecida e muita incerteza lá fora.