Correio Braziliense, n. 22516, 09/11/2024. Política, p. 4

Golpistas planejavam o sequestro de Lula
Renato Souza


Arquivos recuperados pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid revelam que extremistas do 8 de janeiro monitoravam os passos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pretendiam sequestrá-lo. Eles planejavam fazer o mesmo com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) — à época, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) —, para consolidar um golpe de Estado.

Segundo os dados obtidos pelos investigadores, os golpistas levantaram informações sobre os seguranças de Lula e os tipos de armamentos que usam. Também buscavam saber sobre os seguranças de Moraes — conforme destacou reportagem do portal UOL.

As informações foram confirmadas pelo Correio junto a fontes na PF. Entre as ações planeja das, estava um confronto armado com os seguranças do presidente e do ministro se resistissem ao ataque.

Investigadores acreditam que a descoberta ganha uma gravidade maior, principalmente porque liga à elaboração de minutas golpistas e aos atentados que ocorreram contras o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo.

Moraes, relator do caso no STF, deu prazo de 60 dias extras para que a PF conclua as investigações, que serão enviadas para análise da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A própria PGR identificou ligações entre a articulação de um plano para um golpe de Estado e os atentados do 8 de janeiro. As informações do órgão foram enviadas ao STF e ligam aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro aos ataques. Também estão em andamento investigações sobre a participação do ex-chefe do Executivo na tentativa de golpe. Bolsonaro afirmou, em depoimento à PF, que não tentou articular um golpe de Estado nem pediu a elaboração de minutas golpistas.

Condenações

Até ontem, o STF condenou 265 pessoas por envolvimento nos atos de 8 de janeiro. Um novo julgamento para analisar os processos de mais 15 pessoas teve início no plenário virtual da Corte.

Maioria do STF vota contra Collor  

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, ontem, para rejeitar um recurso do ex-presidente Fernando Collor e manter a pena de oito anos e seis meses de prisão decorrente de uma condenação na Lava-Jato. Ele foi sentenciado em maio de 2023, pelo próprio STF. O processo ainda não transitou em julgado, ou seja, há outros recursos possíveis. O julgamento ocorre no plenário virtual. A votação fica aberta ao longo de uma semana para que eles registrem os votos na plataforma on-line. O placar está em 6 votos a 2 para manter a condenação e a dosimetria da pena.