Título: Corumbá passa por vistoria na terça
Autor: Paula Porto
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2004, Brasília, p. D-5

A Procuradoria Geral da República no DF, o Ministério Público de Goiás e o Ibama vistoriam, na próxima terça-feira, a usina hidrelétrica Corumbá IV para averiguar se a Corumbá Concessões está cumprindo as exigências do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). De acordo com Ana Paula Mantovani, procuradora da República, o problema relacionado à barragem de Corumbá IV - megaprojeto a 120 quilômetros de Brasília, anunciado como solução para as necessidades de energia do Entorno e DF nos próximos 100 anos - está na falta de medidas que garantam a qualidade da água e a deixe em condições adequadas ao consumo humano. Na lista de prioridades, estaria o tratamento dos esgotos despejados in natura nos afluentes do rio Corumbá - principalmente no rio Melchior, o mais poluído do DF que recebe dejetos de Ceilândia e Taguatinga.

- Se o lago não ficar livre de todos os dejetos das cidades próximas, sua água ficará imprestável ao consumo e a reservatório se transformará num risco sanitário - afirmou Ana Paula Mantovani, acrescentando que a Corumbá Concessões também não está assumindo uma série de compromissos para adequar o empreendimento e prevenir possíveis danos ambientais, como a supressão da vegetação - que se não for tirada em sua totalidade , pode afetar a oxigenação do lago e proliferar doenças.

Até a tarde de ontem, a Corumbá Concessões não havia entregue ao Ibama material que comprove a reais condições do meio ambiente, as mudanças esperadas após a inundação do reservatório - que deveria ter começado no último dia primeiro, em função das chuvas, e leva, de dez meses a um ano para ser finalizado - e das desapropriações de propriedades particulares próximas à usina.

- O empreendimento, da forma como está, provocaria alterações na composição da fauna e flora da região, com reflexos diretos no rio Corumbá e seus afluentes. Portanto, não há previsão sobre a data de finalização do reservatório, já que tudo depende do cumprimento das cláusulas que comprovem a viabilidade ambiental - afirmou a procuradora.

Ela adiantou que a licença de instalação não será concedida sem a totalidade das ações e que, possivelmente, só no ano que vem haverá o alagamento do lago.

Os empreiteiros responsáveis pelo reservatório de Corumbá IV alegam que a greve do Ibama atrapalhou a análise dos documentos. O futuro lago de Corumbá IV, orçado em R$ 420 milhões - valores de junho último - beneficiará os municípios goianos de Luziânia, Alexânia, Santo Antônio do Descoberto, Abadiânia e Silvânia.