Título: Saques e votações
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/12/2005, País, p. A2

Os dados levantados pelo relator da CPI dos Correios Osmar Serraglio ratificam que algumas votações importantes para o governo no Congresso Nacional coincidem com saques vultosos realizados nas contas do publicitário Marcos Valério. Desde o início das investigações, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirmava que o governo pagava antes do projeto seguir para o plenário. Um estudo dos tucanos apontava no mesmo rumo. Mas esta versão sempre foi negada pelo Palácio do Planalto e partidos da base do governo na Câmara, em especial o PT. As coincidências começam na primeira votação da Reforma da Previdência, em 27 de outubro de 2003. Na semana posterior à aprovação em plenário, R$ 240 mil foram sacados das contas do publicitário Marcos Valério por assessores de parlamentares e inclusive pelo sócio de Valério, Cristiano Paz. A segunda votação apontada é a da Reforma tributária, em 24 de setembro daquele mesmo ano. Foram R$ 2,2 milhões sacados nos nove dias que se seguiram.

O relator também citou a apreciação da Lei de Falências, em 15 de outubro, no Congresso Nacional como uma das votações cuja data está em meio a saques vultosos. No dia seguinte à aprovação, R$ 450 mil saíram das contas de Valério. Na época, porém, a oposição acordou junto com o governo, que aprovou inclusive emendas dos adversários políticos.

Na lista de votações entram ainda as duas apreciações da Reforma da Previdência e a PEC Paralela - em novembro e dezembro de 2003.

O presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), disse ontem, após a divulgação do relatório que novos nomes foram encontrados nas investigações. Mas por enquanto nada ainda será revelado, sob o pretexto de não ''personalizar'' a prestação de contas. De acordo com os líderes partidários, o dinheiro repassado pelo PT teria sido usado para bancar dívidas das campanhas de 2002.