Título: Começa a caça aos ladrões de turistas
Autor: Gustavo de Almeida e Carolina Benevides
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2004, Rio, p. A-12

Mais qualidade com a mesma quantidade. Após reunião com comandantes de batalhões e delegados das áreas onde há maior presença de turistas, o secretário interino de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, disse ontem que não haverá aumento de efetivo mas que a polícia será mais ''proativa''. No total, 1.200 policiais estarão envolvidos na segurança dos turistas, porém com maior poder de investigação e mais determinação na hora de impedir a formação de gangues ou arrastões. A meta é conter o aumento, até o momento, em 9,6% de roubos a turistas em relação ao mesmo período do ano passado. Grupos de jovens serão investigados na hora da abordagem, considerando mandados de prisão e antecedentes. Itagiba ainda acusou ontem a Prefeitura do Rio de não ter se esforçado pelo prosseguimento do Plano Zona Sul Legal, desenvolvido no segundo semestre do ano passado e já encerrado.

- A Prefeitura do Rio é omissa na manutenção dos menores recolhidos nas ruas e também se omite no controle da favelização. Além disso, a Guarda Municipal não vem cumprindo seu papel de patrulhar as áreas públicas que estão sob a égide do município. Queremos a participação do poder público, mas não com guardas batendo em camelôs ou funcionários multando taxistas em sinais - disse Itagiba, que revelou ontem que um edital do governo estadual que será publicado até o fim do ano vai encher o Rio de câmeras. Segundo a futura licitação, que aguarda a aprovação no Congresso Nacional das Parcerias Público-Privadas, os 22 batalhões que hoje compõe o Comando de Policiamento da Capital serão dotados de áreas com monitoramento por câmeras. Itagiba defendeu ontem o uso das câmeras na proteção aos turistas.

- O sistema de câmeras, junto com o policiamento ostensivo, devolve a sensação de segurança.

A secretaria ontem mostrou dados de roubos e furtos a turistas do ano passado e deste ano. Em 2003, Copacabana aparece como o bairro onde os turistas mais sofrem em todo o Estado do Rio: dos 2.995 roubos e furtos cometidos contra visitantes, nada menos que um terço (1.092) aconteceu no bairro antes conhecido como ''Princesinha do Mar''. Em segundo lugar na estatística vem Ipanema, com 423 ocorrências, em terceiro o Centro com 203 e em seguida vêm Leme (52) Leblon (48) e Santa Teresa (41). O Rio inteiro responde por 2.198 ocorrências contra turistas, do total de 2.995 de todo o Estado.

Itagiba acredita que a média não vai subir, já que de janeiro a setembro deste ano, por enquanto, são 2.553 ataques a turistas este ano.

O secretário interino quer que a polícia civil tenha ainda mais integração com a militar. Para isso, determinou ao subchefe de Polícia Civil, José Renato Torres, que integre as delegacias da área, e ao coronel Claudecir Ribeiro da Silva, do Estado-Maior da Polícia Militar, que se responsabilize pela comunicação e logística entre todos os batalhões das regiões turísticas.

O comandante da Guarda Municipal, Carlos Moraes Antunes, discordou ontem da afirmação de Itagiba:

- A guarda é parceira dos órgãos de segurança pública, mas não recebe tratamento recíproco. Um exemplo disso é o Centro do Rio. O crime organizado está lá e a polícia não atua. A participação da polícia é pedida há anos. No Centro há roubo de celular, a pedestres, venda de produtos falsificados, roubados e contrabandeados. A guarda comunica para a polícia o que descobre e não há atuação. O secretário Marcelo Itagiba está atirando a esmo e resolveu atirar na Guarda Municipal - disse Antunes, acrescentando que os menores infratores levados para abrigos logo voltam às ruas:

- Menor infrator não adianta levar para abrigo. É para ir para Casa de Correção. São feitas operações diárias para recolher a população de rua.

Ontem estiveram na reunião com Marcelo Itagiba e com o secretário estadual de Turismo, Sérgio Ricardo de Almeida, representantes das delegacias 1ª(Praça Mauá), 7ª (Santa Teresa), 9ª (Catete), 12ª (Hilário de Gouveia), 13ª (Ipanema), 14ª (Leblon), 16ª (Barra da Tijuca), além das especializadas Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat). Pela Polícia Militar, foram representantes do 1º (Estácio), 2º (Botafogo), 5º (Praça da Harmonia), 19º (Copacabana), 23º (Leblon) e do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BP-Tur).