Título: Impasse adia decisão do mínimo
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/12/2005, País, p. A6

A decisão sobre o novo valor do salário mínimo sairá apenas em janeiro, em uma reunião entre governo e centrais sindicais agendada para o dia 11.

- Nós marcamos a reunião para o dia 11 na intenção de construir um processo que feche a negociação - afirmou o ministro do Trabalho Luiz Marinho.

Ontem foi realizada a terceira reunião entre centrais sindicais e governo. Além de Marinho, participaram os ministros Nelson Machado (Previdência) e Luiz Dulci (Secretaria Geral).

A decisão de adiar foi motivada pelo fato de o Congresso ter deixado para a segunda semana de janeiro a votação do Orçamento de 2006.

Apesar de ter começado a negociar no final de novembro, o governo ainda não anuncia oficialmente qual a sua proposta: as centrais pedem R$ 400. No entanto, Marinho considera um mínimo de R$ 340 ''razoável''.

- Esse me parece um número bastante razoável. É preciso chegar a uma proposta intermediária. Um mínimo de R$ 400 é inaceitável e de R$ 360 ainda está fora da realidade - disse o ministro.

De acordo com dados do relator do Orçamento, Carlito Merss (PT-SC), um mínimo de R$ 340 significa um gasto extra para os cofres públicos de R$ 3 bilhões.

O governo evita falar em números. Para o ministro, anunciar um número é ''queimá-lo'', já que as centrais passariam a trabalhar esse valor como um piso da negociação.

Marinho lembrou ainda que, além do mínimo, há outras pendências que precisam ser cobertas pelo Orçamento, como a correção da tabela do Imposto de Renda e as compensações da Lei Kandir.

Ao adiar a decisão do mínimo, o governo adia também uma definição sobre a tabela do Imposto de Renda (IR). As centrais afirmam que o Executivo, na negociação do ano passado, garantiu que em 2005 a tabela do IR seria corrigida pela inflação mais um terço, o equivalente a 8,67%.

Segundo ele, as centrais trabalham para aumentar esse percentual de reajuste. Para o sindicalista, o governo reclama da falta de verbas. Para o ministro, isso acabaria se houvesse uma mudança na política econômica, com a redução das taxas de juros.

Já para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, as centrais irão aproveitar até o dia 11 para debater o assunto internamente. Para ele, há uma disputa interna no governo, entre a Casa Civil e o ministério do Trabalho, que preferem um aumento maior, e o ministério da Fazenda. (Folhapress)