Correio Braziliense, n. 22524, 17/11/2024. Política, p. 4
Supremo e Congresso restringirão acesso
Eduarda Esposito
Depois da explosão das bombas próximo ao Supremo Tribunal Federal, a Corte e o Congresso estudam medidas para restringir o acesso de pessoas que não sejam ministros, parlamentares ou integrantes do quadro de funcionários do Judiciário e do Legislativo. Apesar de seguirem protocolos severos desde as invasões dos bolsonaristas em 8 de janeiro de 2023, essa segurança será ainda mais reforçada.
Isso porque imagens de Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado contra o STF, na quarta-feira passada, mostram que ele teve acesso tanto à Corte quanto ao Congresso. Em uma delas, de 24 de agosto passado, o extremista tirou uma selfie no plenário do Supremo, cuja publicação em rede social foi acompanhada de uma mensagem ameaçadora — “Deixaram a raposa entrar no galinheiro (chiqueiro)”, postou. Em outra, o bolsonarista é flagrado entrando na Câmara horas antes de ter explodido os petardos perto do Supremo.
Além disso, depois do atentado, descobriu-se que Francisco esteve na Câmara dos Deputados, no ano passado. Visitou o gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC), a quem conhecia da política no município de Rio do Sul (SC) — onde o extremista tentou eleger-se vereador, em 2020, mas obteve apenas 98 votos.
A sede da Corte seguirá cercada com grades e as visitações públicas permanecem suspensas — as medidas não devem ser flexibilizadas este ano, mas há a possibilidade de que os protocolos sejam reavaliados nos próximos meses. As sessões de julgamentos estão mantidas no Supremo, mas com acesso restrito a advogados das partes e a jornalistas credenciados. Todos serão submetidos a um esquema de segurança rigoroso.
No caso do Congresso, a restrição deve começar pela chapelaria, considerada vulnerável devido à livre circulação de pessoas. O acesso irrestrito e as visitas guiadas devem ser suspensas por tempo indeterminado. Porém, enquanto o maior rigor não é adotado, foi aumentado o efetivo de seguranças e haverá varreduras em intervalos menores com cães farejadores.
No prosseguimento das investigações, a Polícia Federal ouviu, ontem, quatro testemunhas do atentado: dois seguranças do STF, um policial militar que fazia a ronda no estacionamento do anexo 4 da Câmara e a pessoa que alugou para Francisco um trailer, que estava parado perto do Congresso e no qual foram encontrados mais explosivos.