Título: Estrangeiro foge de crise e PIB baixo
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. A18

Os efeitos da crise política e do baixo crescimento econômico já se fazem sentir na capacidade do Brasil em atrair investimentos estrangeiros. Levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com dados do Banco Central mostra que a média mensal de entrada de recursos no setor produtivo caiu de US$ 1,4 bilhão para US$ 1 bilhão no segundo semestre - um recuo de quase 30%. Até novembro, entraram no país US$ 12,7 bilhões. O acumulado do ano é 8% menor do que os US$ 15 bilhões que vieram em igual período do ano passado. Assim, a meta de receber US$ 16 bilhões em 2005 ficou para uma próxima temporada. - Pelos nossos cálculos, fecharemos em US$ 14 bilhões, no máximo US$ 15 bilhões. Isso significa uma queda de 18% em relação ao ano passado, quando atingimos US$ 18 bilhões. A queda ao longo do ano é reflexo da expectativa de um pequeno crescimento, o que espanta as multinacionais. E, do primeiro para o segundo semestre, é fruto da crise política. A economia pode estar blindada, mas a capacidade de atrair recursos, não. É pena, porque o país tem capacidade de receber até US$ 25 bilhões em investimentos estrangeiros diretos - avalia Júlio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi.

Segundo Almeida, a meta seria alcançável tendo em vista a capacidade demonstrada pelo país anteriormente em atrair capital estrangeiro. Ele resgata dados dos últimos cinco anos para concluir seu raciocínio.

- Em 2001, atraímos US$ 22 bilhões. No ano seguinte, devido à crise cambial, caímos para US$ 16,5 bi. O ano de 2003 foi ainda pior, apenas US$ 10 bilhões, mas era compreensível porque o investidor externo queria saber onde estava pisando. Mas já teria decorrido tempo suficiente para, pelo menos, recuperarmos o patamar de 2001.

Além desses, Almeida destaca outros crônicos problemas do país.

- A infra-estrutura ruim, a política cambial, a regulação e a tributação repelem o estrangeiro. Vivemos uma guerra fiscal mundial e nos damos ao luxo de afugentá-los. Felizmente, ainda somos o quinto país em capacidade de atração de investimentos, apesar de maltratarmos o capital externo. Minha maior preocupação é que são investimentos capazes de fomentar o crescimento do país e criar empregos. É disso que mais precisamos agora.