Correio Braziliense, n. 22525, 18/11/2024. Política, p. 2

Lula fará discurso repleto de cobranças



O primeiro dia de debates do G20 terá como foco o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a reforma das instituições de governança global. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursará na abertura de cada sessão da cúpula, quando deve reforçar a importância de diminuir as desigualdades entre os países e aumentar o financiamento das nações menos desenvolvidas — como fez nas agendas do G20 Social, que antecedeu a reunião de líderes.

“Infelizmente, os governos esbarram em uma enorme lacuna de financiamento no Sul Global. Apenas uma parcela dos recursos necessários chega aos países em desenvolvimento e uma parte ainda menor alcança nossas metrópoles. Existe um deficit no financiamento urbano, que não consegue acompanhar o ritmo da urbanização desordenada em muitas partes do mundo, como a África, a Ásia e a América Latina. Por isso, a terceira prioridade da presidência brasileira do G20 é a reforma da governança global, inclusive de sua arquitetura financeira e dos bancos multilaterais de Desenvolvimento”, disse Lula, ontem, no Urban 20, encontro de prefeitos que ocorreu simultaneamente ao G20 Social.

Reestruturação

Tema da reunião que ocorre à tarde, Lula questionará a estrutura do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O colegiado tem 15 membros (China, França Rússia, Reino Unido e Estados Unidos são os permanentes). As nações do chamado Sul Global participam apenas como integrantes rotativos e alterar essa composição é uma das principais agendas internacionais de Lula.

Em reuniões bilaterais, o presidente recebeu o apoio para a proposta de países convidados, como a Malásia e o Vietnã. O primeiro ministro malaio, Dato’Seri Anwar Ibrahim, defendeu uma governança global “mais representativa, democrática, eficaz, transparente e responsável”, que leve em conta “as aspirações dos países emergentes”. Ele também defendeu o cessar-fogo imediato no Oriente Médio, algo cobrado por Lula.

“Falar em reforma da governança também implica em repudiar a destruição das guerras. A Faixa de Gaza, um dos mais antigos assentamentos urbanos da humanidade, teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados. Sob seus escombros, jazem mais de 40 mil vidas ceifadas”, lamentou Lula.

O primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, apoia a pretensão brasileira de que o Conselho da ONU aumente os assentos permanentes e não-permanentes para ter mais representatividade. Para ele, o Brasil deveria ocupar uma das cadeiras permanentes.

Embora Lula tenha recebido alguns membros de organizações que estão no G20 — como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni —, somente o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o da França, Emmanuel Macron, apoiaram a pretensão brasileira. (MS)

Frase

“Falar em reforma da governança também implica em repudiar a destruição das guerras. A Faixa de Gaza teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados. Sob seus escombros, jazem mais de 40 mil vidas ceifadas”

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cobrará a ampliação do Conselho da ONU