Título: Trabalhador consegue driblar inflação
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. A18

Os trabalhadores conseguiram aumento real em 87,5% das convenções coletivas negociadas neste ano, segundo levantamento divulgado ontem pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) em parceria com a Unicamp. O resultado é o melhor desde 2001, quando a central iniciou o estudo sobre as negociações salariais com sindicatos afiliados à CUT.

Em 9,4% dos acordos, os trabalhadores conseguiram zerar as perdas acumuladas pela inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) nos 12 meses anteriores a cada data-base. O INPC é o índice mais usado nas negociações e serve para corrigir o salário mínimo e os benefícios previdenciários. Os reajustes menores do que a inflação corresponderam a 3,1% dos feitos pelas 40 categorias profissionais analisadas pelo levantamento.

Em 2004, os reajustes acima da inflação (com aumento) corresponderam a 64,6% dos negociados por entidades ligadas à CUT.

A maior parte dos ganhos reais conquistados em 2005 ficou na faixa de 1% a 2% acima do INPC . Entre as 78 negociações realizadas por 91 sindicatos, 43,8% tiveram aumento real nessa faixa. Juntas, essas entidades representam 1,57 milhão de trabalhadores de São Paulo.

- Os resultados surpreenderam. Mostram que não houve impacto da crise política nas negociações salariais, algo que temíamos - disse Edilson de Paula, presidente da CUT-SP.

A central atribui a recuperação dos salários à elevação do salário mínimo e ao que considerou um bom desempenho da economia.

- O aumento real de 8,23% do salário mínimo influenciou de forma positiva as negociações salariais. Se há ganho real no salário mínimo, os trabalhadores pressionam para que haja aumento real também em seus salários - afirmou o sindicalista.

Os trabalhadores com data-base no segundo semestre que obtiveram aumento real foram os dos ramos de vestuário, couro (calçados e artefatos), farmacêutico, metalúrgico, químico, bancário, operários da construção civil, comerciários, entre outros.

Folhapress