Correio Braziliense, n. 22527, 20/11/2024. Política, p. 4
Ministros indignados
A divulgação de que militares articularam uma tentativa de golpe de Estado causou indignação entre os ministros do governo. Isso, inclusive, tirou parte do brilho da cerimônia de encerramento do G20, no Rio de Janeiro, ontem à tarde.
Auxiliares de Lula condenaram a participação de militares bolsonaristas no complô e não esconderam o choque com os detalhes do plano golpista revelado pela Polícia Federal. Eles também associaram o planejamento a outros episódios de desestabilização do Estado Democrático de Direito — como o 8 de janeiro de 2023. Todos cobraram punição exemplar aos envolvidos.
"São elementos novos, extremamente graves, sobre a participação de pessoas do núcleo de poder do governo Bolsonaro e o golpe que tentaram executar no Brasil. Isso só não ocorreu por detalhes", disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta.
Ele lembrou, ainda, da tentativa de invasão à sede da PF, em 12 de dezembro de 2022 — horas depois que Lula foi diplomado presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — e da bomba que bolsonaristas tentaram detonar na véspera do dia de Natal daquele ano — o artefato foi acoplado a um caminhão-tanque estacionado próximo do Aeroporto de Brasília.
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, também ligou os casos recentes de violência política à extrema-direita. "Não vamos titubear em apurar e punir seus autores. Sem anistia!", destacou. Para o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, as descobertas da PF são "estarrecedoras" e aproximam a trama de Bolsonaro. "O competente trabalho da nossa polícia judiciária coloca no centro da cena golpista o entorno mais próximo do ex-mandatário", publicou no X (antigo Twitter).
O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, publicou um vídeo nas redes sociais denunciando que o incentivo à violência prejudica até os investimentos no país. "O que nos resta é repudiar de forma veemente qualquer tipo, não só de ataque, mas também de estímulo à violência", disse.
Já Camilo Santana, ministro da Educação, destacou que os envolvidos devem ser "devidamente punidos dentro da lei". Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, disse que os episódios revelados "não são fatos isolados".