Título: Tesouro prevê taxa real de 9%
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Fonte: Jornal do Brasil, 22/12/2005, Economia & Negócios, p. A19

A taxa básica de juros do Brasil, descontada a inflação, poderá cair no ano que vem para menos de 9%, um recorde de baixa, disse o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, José Gragnani. Hoje, a taxa real se encontra no patamar de 13% ao ano, o que coloca o Brasil no topo do ranking dos juros reais no mundo.

Segundo ele, a desaceleração da inflação e a maior aceleração dos investimentos e dos fluxos comerciais no país estão abrindo caminho para que o Banco Central realize mais cortes na taxa Selic. Ele também disse que prevê uma taxa de inflação de 4,5% e que se baseou nesse percentual para estimar a a taxa de juros real para o ano que vem. Isso significa que Gragnani prevê que o BC reduzirá a taxa Selic para um patamar inferior aos 14%, o que também seria uma baixa recorde.

- Nós temos todas as condições para reduzir os juros - afirmou. - A redução será histórica e consistente.

O BC reduziu sua taxa básica de juros em 1,75 ponto percentual nos últimos quatro meses, para 18%, a maior baixa dos últimos 11 meses, na tentativa de brecar a queda do crescimento da economia. Utilizando uma taxa de inflação estimada de 4,5%, a taxa de juros real de hoje equivaleria a 13,5%. Nos 12 meses encerrados em novembro passado, a inflação do Brasil, ficou em 6,2%.

Gragnani disse prever que a classificação de crédito da dívida externa do Brasil será elevada no ano que vem e que alcançará um nível recomendável para investimento até 2010. Atualmente, os bônus brasileiros têm classificação Ba3 pela Moody's Investors Service e BB- pela Standard & Poor's. Ambas as classificações estão três níveis abaixo das categorias recomendáveis para investimento.

A queda da taxa de juros também impulsionará a demanda por bônus de renda fixa, ajudando o governo a ampliar a parcela de bônus domésticos de renda fixa em relação ao total da dívida local para cerca de 35%, a partir dos 28% no final deste ano, disse Gragnani. Os títulos vinculados à taxa básica de juros - que até o final de novembro passado respondiam por 54% da dívida pública - podem cair para cerca de 45% por cento no ano que vem, disse ele.