Título: Cofre aberto à indústria farmacêutica
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2004, Economia, p. A-19

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer participar do processo de reestruturação da indústria farmacêutica, como acionista ou como financiador no processo previsto de fusão e aquisição. O gerente da Indústria Química para Saúde do BNDES, Paulo Luis Palmeira, informou que o banco está conversando com três grupos interessados em acessar a nova linha de financiamento, criada este ano, dentro do Profarma, para fazer frente à necessidade de capitalização das empresas farmacêuticas. - A nova política industrial do governo prevê investimentos altos para o setor, que só ocorrerá com a consolidação das empresas - disse Palmeira, que anunciou ontem o primeiro financiamento, de R$ 16,9 milhões, concedido pelo Profarma à Libbs Farmacêutica Ltda.

Os recursos serão destinados à instalação de um novo parque industrial no município paulista de Embu. A capacidade de produção será de 53,6 milhões de caixas de medicamentos, o que vai triplicar a atual produção da empresa. O investimento total do projeto será de R$ 48,5 milhões, dos quais R$ 31,6 milhões com recursos da Libbs.

Palmeira evitou entrar em detalhes sobre as negociações com os grupos interessados na linha de capitalização para fusão e aquisição.

- Não é idéia do BNDES escolher os noivos para se casar. A idéia é que eles namorem e caso decidam se casar procurem o BNDES como padrinho financeiro - disse, completando: - O objetivo é tornar as empresas robustas.

Atualmente, o Profarma tem em carteira (soma de volume de cartas consultas, enquadramentos e análises) 18 projetos do setor farmacêutico brasileiro que somam R$ 780 milhões em investimentos. Desse total, o banco poderá financiar R$ 430 milhões. Segundo Palmeira, dois deles já estão em fase adiantada e serão encaminhados à diretoria para aprovação. Somam R$ 140 milhões, mas a participação do BNDES será de R$ 40 milhões. Um deles é de expansão da produção e o outro, pesquisa e desenvolvimento - para o qual o banco terá condições especiais de crédito, como prazo de 12 anos e taxas fixas de 6% ao ano.

A Libbs produz 60% de seus princípios ativos. Com essa estratégia, a companhia busca reduzir a dependência do fornecimento externo e desenvolvendo pesquisa e inovação tecnológica. O faturamento anual do setor farmoquímico no Brasil foi de R$ 1,3 bilhão em 2003. E cerca de 80% das matérias-primas são importadas.