Título: Em discurso, Lula diz que ''quatro anos é muito pouco''
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/12/2005, País, p. A2

Durante visita às obras do novo aeroporto internacional de Macapá (AP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ''quatro anos é muito pouco'' para realizar projetos de governo e reafirmou a necessidade de as eleições do próximo ano não se transformarem em uma ''guerra'' que acabe afetando o trabalho realizado.

- Que a eleição se dê da forma mais tranquila, que a disputa se dê da forma mais democrática, com quantos candidatos quiserem, mas que a gente tome em conta que uma eleição, se não ajudar, ela não pode atrapalhar as obras que estão em andamento, porque senão será o pior dos mundos - disse o presidente.

Mesmo repetindo nas últimas semanas que ainda não decidiu se será candidato à reeleição, Lula voltou a deixar claro que pretende colher resultados no ano eleitoral. O presidente ainda declarou que acha quatro anos insuficientes para a realização de todos os projetos de um governante.

- Quatro anos para quem está governando é pouco, mas para quem está na oposição é uma eternidade. Há sempre esse conflito - disse.

Ao falar sobre o mandato dos governadores, Lula disse que eles assumem com um orçamento definido pela gestão anterior e ainda passam por um momento de paralisia durante as eleições municipais.

- Uma eleição na capital é quase como uma eleição do Estado, porque envolve muitos interesses, muita disputa política. Praticamente é meio ano dedicado às eleições - afirmou.

Lula prometeu voltar, de olho na próxima eleição:

- Tenham a certeza que aqui voltarei outras vezes, sobretudo para inaugurar este aeroporto. Não pode ser em janeiro de 2007, ele tem que ser inaugurado ainda em 2006 porque nós precisamos colher aquilo que nós plantamos e não vamos deixar para ninguém colher a semente que nós botamos embaixo da terra - disse o presidente.

O pagamento antecipado da dívida do Brasil com o Fundo Monetário Internacional, anunciado semana passada, voltou a ser comemorado por Lula que comparou a situação atual com a do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o Brasil precisou recorrer ao FMI depois de ter ''quebrado'' em 1998 e 2001. Para Lula, o pagamento foi um gesto de independência do país e o fim da colonização, repetindo que agora ''viramos donos do nosso nariz''.

- Quando nós pegamos o governo, não tinha praticamente reserva para garantir as nossas importações e hoje nós temos uma reserva de 60 bilhões de dólares e nós, então, quisemos anunciar ao mundo: acabou o tempo da colonização deste país.