Título: Absolvição questionada
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/12/2005, País, p. A3

A sessão plenária que livrou o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) da cassação está sendo questionada na Mesa Diretora da Câmara. Alegando uma série de irregularidades, dentre elas boca-de-urna durante a votação, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) entregou ontem ao presidente Aldo Rebelo (PCdoB-SP) um requerimento pedindo apuração das denúncias de acordão envolvendo partidos ligados ao mensalão - PT, PL, PTB e PP - além de parte do PFL e da bancada mineira na Câmara. Jungmann também entregou o requerimento ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que preside a Comissão Representativa do Congresso Nacional. O deputado defende que, caso a comissão delibere pela impossibilidade de anular o processo, que pelo menos suspenda o resultado, cujo placar foi de 250 votos a favor da absolvição e 162 contra.

- A confiança do povo brasileiro no Congresso está quebrada - disse Jungmann. Ele estuda ainda a elaboração de uma proposta de emenda constitucional a fim de acabar com o voto secreto em processos de cassação.

Segundo parlamentares, viu-se um forte lobby pela absolvição de Romeu Queiroz horas antes da sessão em plenário. O esquema teria sido reforçado inclusive pelo ministro do Turismo e correligionário de Queiroz, Walfrido Mares Guia. Deputados acusaram colegas de entregarem, ainda na fila de votação, envelopes com a palavra ''não'' para salvar a cabeça do petebista. O deputado Mauro Passos (PT-SC) entrou com uma representação contra Osvaldo Biolchi (PMDB-RS), que teria lhe oferecido um voto fechado a favor de Queiroz, pronto para ser colocado na urna. Biolchi nega a acusação. Ele foi notificado ontem pela corregedoria da Câmara, e terá o prazo de cinco sessões plenárias - que só contam a partir de 15 de janeiro - para se defender.

Com o mandato a salvo, Romeu Queiroz diz não acreditar em acordos firmados para votações secretas e classifica a atitude de Jungmann como ''tentativa de ocupar espaço na mídia''.