Título: Lula tenta reconquistar o PMDB
Autor: Romoaldo de Souza
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2004, País, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a ofensiva para acalentar os ânimos dos rebeldes do PMDB que querem dar vida própria ao partido, se descolar do governo e assumir de vez a oposição. Lula disparou emissários para tentar minar o ala oposicionista, que tem predominância entre os seis governadores mas ganhou sobrevida na bancada da Câmara, capitaneada pelo presidente da legenda, o deputado Michel Temer (SP).

Ontem, Lula mandou o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, como mensageiro para demover Temer da idéia de rompimento. Durante almoço, Rebelo mostrou a Temer planilha com o crescimento da economia, a ascendência da popularidade do presidente Lula e os benefícios para o partido ser ''artífice de um plano de governo mais a longo prazo''. O ministro fez questão de salientar a importância do PMDB na coalizão que levou Lula ao Planalto.

- Não há como governar sem uma coalizão. Isto é quase uma mensagem das urnas. Esta é minha convicção e também a do ministro José Dirceu - salientou Rebelo.

Na estratégia palaciana, Lula aceitou convite do jornalista Armando Rollemberg, assessor da presidência do Senado, para um jantar com José Sarney (PMDB-AP). O senador integra a ala do PMDB que considera prudente adiar a convenção do partido, marcada para 12 de dezembro. Está entre os que acreditam que o assunto ''não está maduro para ser alvo de uma decisão de convenção''.

- Ao que tenho conhecimento, 17 membros da Executiva já escreveram ao presidente Michel Temer pedindo o adiamento da convenção, para que antes sejam feitas as convenções regionais. O adiamento é prudente - reconheceu Sarney.

O agrado de Sarney deixou o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, indócil, com vontade de brigar por suas convicções de que, ''quanto mais longe do governo melhor''. Rigotto disse que um partido como o PMDB - 22 dos 81 senadores e 76 dos 513 deputados - pode até apoiar projetos importantes para o país, mas não precisa de cargos nem de recursos do governo.