Correio Braziliense, n. 22529, 22/11/2024. Política, p. 2

Bolsonaro comandava, afirma PF
Vanilson Oliveira



O relatório da Polícia Federal, entregue, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF), detalha como teria atuado a suposta organização criminosa que tentou impedir a oficialização do resultado da eleição de 2022, na qual o então presidente Jair Bolsonaro foi derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com a PF, Bolsonaro sabia do plano contra a democracia e até editou uma minuta golpista que seria decretada para dar aparente legalidade aos atos inconstitucionais.

A PF afirma ainda que Bolsonaro tinha conhecimento da tentativa de assassinato de Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

Um dos principais elementos obtidos pela investigação foi a confirmação de um encontro, em dezembro de 2022, entre Bolsonaro e os então comandantes das Forças Armadas, no qual foram apresentadas ações que possibilitariam um golpe de Estado. Segundo o depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes, o presidente detalhou, durante a reunião, a possibilidade de “utilização de institutos jurídicos”, como Garantia da Lei e da Ordem (GLO), Estado de Defesa ou Estado de Sítio, para impedir a posse de Lula.

Núcleos

As investigações da PF revelaram que os envolvidos no plano golpista agiram de forma estruturada, com divisão clara de tarefas, o que permitiu individualizar as responsabilidades e comprovar a existência de diferentes grupos operacionais.

Segundo o relatório, os suspeitos estavam distribuídos em núcleos específicos, cada um com funções definidas: Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado; Núcleo Jurídico; Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas; Núcleo de Inteligência Paralela; Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.

A organização do grupo, segundo a PF

Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral

Responsável por espalhar fakenews e desacreditar o processo eleitoral brasileiro

Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado

Buscava convencer integrantes das Forças Armadas a apoiar as ações golpistas

Núcleo Jurídico

Encarregado de elaborar estratégias legais para justificar ou encobrir os atos antidemocráticos

Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas

Fornecia suporte logístico e operacional para a execução das ações

Núcleo de Inteligência Paralela

Dedicado a levantar informações estratégicas para embasar as ações do grupo

Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas

Seria responsável pela execução de ações diretas, como prisões ou outras medidas de força